Em meio à febre do game Pokémon Go em Belo Horizonte desde seu lançamento no Brasil, na quarta-feira, a distração causada pela caça aos monstrinhos do jogo já começa a aumentar as estatísticas criminais. Até a noite de ontem, ao menos oito pessoas tiveram o celular roubado enquanto tentavam capturar os personagens do game. Somente em Belo Horizonte, foram cinco pessoas assaltadas, com prejuízo de mais de R$ 11 mil. As ocorrências ocorreram no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste, e no Lindéia, no Barreiro. A Polícia Militar (PM) também atendeu chamados em Barbacena, na Região Central do estado, e Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
Entre as vítimas da capital estão três jovens de 19, 20 e 21 anos que se divertiam na Rua Professor Amedee Peret, próximo ao cruzamento com a Rua Doutor Júlio Otaviano Ferreira, no Cidade Nova. Era por volta de 23h20, quando dois homens de moto e armados pararam perto deles e anunciaram o assalto. Os bandidos levaram três aparelhos celulares, avaliados em aproximadamente R$ 4,9 mil.
Um dos jovens roubados, o estudante T., de 20, conta que o grupo era formado por quatro amigos e que só um não teve o celular levado: o rapaz conseguiu jogar o aparelho no chão para despistar os bandidos. “Estávamos perto da Paróquia Santa Luzia, que é um pokéstop (pontos de início do jogo, onde há pokémons a serem capturados). Não somos viciados no jogo, só estávamos nos divertindo. Aí andamos para essa rua, que fica ao lado da igreja”, lembra T. “Passaram-se dois minutos e dois rapazes vieram de moto, nos encarando. Subiram a rua e voltaram. Nesse momento já sabíamos que iriam nos assaltar”, completa.
Segundo o estudante, havia policiamento na região. “A rua estava tranquila e viaturas estavam paradas na avenida ao lado. Mas, ainda assim, os bandidos agiram”, contou. Ele disse ainda que os criminosos fugiram em alta velocidade, em direção à Avenida José Cândido da Silveira. A PM foi acionada e realizou buscas no entorno, mas nenhum dos suspeitos foi encontrado. Chateado com o prejuízo, o estudante que ficou sem seu iPhone 6S, avaliado em R$ 2,7 mil, teve que pegar um aparelho antigo e resgatar o chip junto à companhia telefônica. “Agora, não vou nem baixar o jogo. Mais pra frente, talvez, porque o jogo é realmente muito bom e interativo, ajuda as pessoas a se socializarem”, disse. “Mas, infelizmente, no Brasil, virou motivo para aumentar a criminalidade. Quando eu voltar a jogar, vou tomar mais cuidado”, afirmou.
Barreiro O outro assalto em BH ocorreu no Bairro Lindeia, no Barreiro, no dia em que o aplicativo foi lançado no Brasil. Um jovem de 19 anos, seu irmão, de 16, e um amigo, de 15, foram assaltados enquanto jogavam Pokémon Go na noite de quarta-feira. O mais velho, identificado como L.G.P.G, contou que eles estavam perto de casa, na Rua Cana da Índia, por volta da 19h30, quando foram surpreendidos por dois homens que anunciaram o assalto. “Eles nos obrigaram a entregar os celulares e ameaçavam estar com armas embaixo do moletom. Não sabíamos se estavam mesmo com armas, mas não reagimos”, disse. Logo em seguida, os bandidos mandaram os jovens saírem andando sem olhar para trás, e fugiram. As vítimas foram até a 12ª Companhia da Polícia Militar para registrar a ocorrência, que foi encaminhada à Delegacia do Barreiro. Foram levados três aparelhos celulares avaliados em aproximadamente R$ 7 mil.
Os crimes contra os jogadores também chegaram ao interior de Minas. Em Barbacena, dois adolescentes acabaram assaltados quando tentavam capturar pokémons no Parque de Exposições Senador Bias Fortes, às margens da BR-265. Um homem acionou a PM depois que o filho dele e um amigo, que jogavam, foram abordados por um ladrão no momento em que tentavam captar um sinal de GPS. O suspeito levou um celular e fugiu em direção ao Bairro Santa Maria.
Os militares fizeram rastreamento na região e conseguiram avistar o suspeito em um matagal com outro homem. Os dois fugiram por um local de difícil acesso e não foram alcançados. Eles jogaram a capa protetora do aparelho no chão. Outro assalto ocorreu na Avenida Sete, em Ituiutaba. Um adolescente de 16 anos afirmou à PM que jogava Pokémon Go no Centro da cidade, na quinta-feira, quando foi abordado por quatro homens. Os criminosos ordenaram que a vítima entregasse os dois celulares e, em seguida, fugiram em bicicletas. Nenhum suspeito foi preso.
Orientação A Polícia Militar de Minas Gerais informou estar atenta à chegada do jogo no Brasil e que, além de ter reforçado o alerta para o risco de jogadores se tornarem vítimas de crimes, também adotou estratégias para evitar ocorrências. De acordo com o capitão Flávio Santiago, chefe da assessoria de imprensa da PMMG, a polícia se antecipou às necessidades de cada batalhão e diz ter destacado viaturas para vigiar pontos em que pessoas estão caçando Pokémon.
O capitão alerta ainda que as pessoas devem tomar cuidado com o trânsito, tendo em vista que os personagens do jogo podem aparecer em meio a cruzamentos ou em locais de grande movimentação de veículos, com risco de atropelamento. “A PM não é contrária ao jogo, mas as pessoas também precisam se proteger”, lembra.