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Estado de Minas

Olimpíada ajuda na educação nas escolas de BH

Escolas aproveitam o clima dos Jogos para abordar valores como tolerância, espírito de equipe e controle emocional entre alunos, estimulando pesquisa de forma multidisciplinar


postado em 11/08/2016 06:00 / atualizado em 11/08/2016 07:31

Na educação física, estudantes da Escola Galileo Galilei fizeram desfile com direito a tocha e anéis que simbolizam a competição intercontinental(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Na educação física, estudantes da Escola Galileo Galilei fizeram desfile com direito a tocha e anéis que simbolizam a competição intercontinental (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Muitos deles nem sequer eram nascidos nos últimos Jogos Olímpicos, há quatro anos. Mas, agora, com a maior competição mundial rolando em território nacional, Olimpíada é o assunto da vez entre os pequenos. Em salas de aula de escolas de Belo Horizonte, a ocasião é perfeita para aliar o esporte a recursos didáticos. Além de modalidades populares, como futebol, vôlei e natação, outras menos tradicionais, como polo aquático, hipismo e até esgrima, são explicadas com familiaridade entre alunos. Educadores aproveitam o entusiasmo dentro e fora de quadras e raias para falar de valores, criatividade e cultura.


No Colégio ICJ, no Bairro Nova Suíça, na Região Oeste de BH, também teve Olimpíada, com participação dos estudantes dos níveis fundamental e médio. Em três dias de competições, foram trabalhadas modalidades olímpicas como vôlei, basquete, futebol, handebol, natação e corrida, e não olímpicas, como rouba-bandeira, peteca e totó. Para participar, alunos de 8 a 17 anos tinham de se inscrever em três equipes, sendo que os mais velhos assumiram posição de liderança, com a responsabilidade de organizar a distribuição dos times. “Temos o esporte como parceiro na formação dos alunos, com o objetivo de trabalhar valores na formação dessas crianças e adolescentes. Conseguimos acessar os estudantes de forma mais prazerosa e desenvolver questões como tolerância, respeito e coletividade”, afirma o diretor administrativo do colégio, Ademar Fabel.

Ontem, a tarde dos pequenos da Escola Galileo Galilei, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH, foi agitada, com direito a desfile e tocha olímpica. Era dia de educação física, uma das aulas preferidas da meninada, e os professores aproveitaram para mostrar, na prática, o espírito dos Jogos. Os anéis símbolos da competição foram feitos com bambolê. Do maternal 1 ao 2º período, os alunos se uniram para dar a volta na escola. “Com crianças dessa faixa etária, temos que trabalhar o concreto, por isso a escolha dos arcos, para tratar também das cores. Até o fim da Olimpíada eles vão acompanhar os países que estão ganhando medalhas, para darmos a ideia de quantidade”, relata uma das diretoras, Denise Gaia.

Nas salas de aula o trabalho também é intenso. No maternal 2, os alunos da professora Jéssica Francine Mesquita puseram a mão na massa ontem para confeccionar medalhas. O trabalho envolveu cores, matemática e coordenação motora fina para pintar círculos e macarrões que foram colocados em barbantes para fazer as vezes do prêmio de ouro. Hoje, eles farão arremesso de peso com bolas. Mas não importa força nem distância: todos ganharão a premiação olímpica. “Olimpíada também é cultura e podemos misturá-la com arte e uma série de outros elementos”, diz Jéssica.

Confecção demedalhas de ouro: Olimpíada auxilia no aprendizado(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Confecção demedalhas de ouro: Olimpíada auxilia no aprendizado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O professor de educação física Peter Voll Mayer trabalhou cada turma de maneira diferente. “Converso sobre Olimpíada, falei para assistirem à abertura, que ocorre no nosso país e reúne vários povos, e, assim, trabalhamos as informações e o esporte em si”, conta.  Clara Ferreira Vargas, de 5 anos, do 2º período, se encantou pela esgrima, esporte já praticado pela mãe. Na aula da professora Ana Paula Lemos Vale, ela se esbaldou no trabalho sobre máscaras no esporte. Além de aprender sobre os movimentos e de saber que esse é um dos primeiros esportes do Ocidente, a menina tem na ponta da língua os nomes dos objetos principais da modalidade – florete, sabre e espada. “Estou treinando na minha casa, mas com espada de brinquedo, para não quebrar nada e não me machucar”, conta.

ÍDOLOS Na Rede Coleguium, foi divulgado o horário dos Jogos, para que os alunos fiquem atentos à programação e levem para sala questões sobre as modalidades. Para a supervisora de educação física, Cíntia Rodrigues, esporte e educação devem andar juntos. “O esporte é uma ferramenta importante de desenvolvimento de competências técnicas e sociais, como respeitar regras, ter disciplina, trabalhar em equipe, desenvolver capacidades físicas e controle emocional, entre outros”, ressalta.

Também teve desfile no Colégio Santo Antônio, na Savassi. Alunos do 1º ao 5º anos do ensino fundamental participaram no sábado de uma feira, apresentando as modalidades olímpicas. “É importante o tema e, apesar da crise, mostrar a eles o que isso representa para o país”, afirma a coordenadora Maria de Lourdes Lopes Cançado. Aluna do 4º ano, Bianca Camarão Oliveira, de 10, está curtindo muito. Na escola, ela pesquisou sobre remo. “Estudei e aprendi. Foi uma experiência incrível”, define a menina, que admira o jogador de vôlei Serginho e o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que foi atacado em 2004, em Atenas, quando liderava a prova e, por isso, perdeu o ouro. Este ano, ele acendeu a pira olímpica na abertura dos Jogos no Rio. “Apesar de ter sido prejudicado, ele não ficou revoltado e, por isso, ganhou aquela premiação. Foi merecidíssima.”


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