Ao abrir os braços, o jovem parece adquirir asas poderosas, como se estivesse preparado para um longo voo na vida e na arte. Depois, em total concentração, ele se curva sobre as pernas musculosas, gira o corpo com elegância e se lança no ar, certo de que os sonhos, quando acompanhados de treino e trabalho duro, não têm limites ou chance de dar errado. Maximiler Junio Santos de Deus, de 23 anos, morador do Bairro Concórdia, na Região Nordeste da capital, foi escolhido o melhor bailarino do tradicional Festival de Dança de Joinville (SC), já na 34ª quarta edição e considerado o maior evento de dança no país. Com humildade e os olhos brilhantes, o belo-horizontino conta que há muito para aprender, embora tenha uma certeza absoluta: “Quero voar bem alto e sempre no mundo da dança. Esse é meu universo, é o que quero para mim”.
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Conheça o Vogue, dança de empoderamento que arrebata adeptos em BH Vereadores aprovam, em primeiro turno, mudança em matrícula nas academiasIdosas celebram a alegria dançando em igrejaCom um sorriso simpático, Maximiler conta que 2016 tem sido particularmente produtivo, como se fosse a colheita do plantio de boas sementes. Começou a cursar licenciatura em dança na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ganhou o prêmio em Joinville, recebeu propostas de trabalho, convites para se apresentar e levou para casa um prêmio de melhor coreógrafo em outro festival. “Minha família sempre teve dificuldades financeiras, nada cai do céu, é muita luta. Eu não tinha dinheiro nem para a passagem de ônibus, ir para os ensaios a pé. Meu pai morreu quando eu tinha 16 anos”, diz o bailarino, que não tem medo de falar das barras mais pesadas.
SUPERAÇÃO Neste ano de tantas alegrias, Maximiler se viu de repente no olho de um furacão, com a árdua missão de tomar as rédeas de um caso familiar. E diz “graças da Deus” por ter conseguido superar o mau momento e levar a vida de volta aos trilhos. A mãe desempregada e sem opção de trabalho foi internada por alcoolismo – “bebeu durante uma semana inteira, depois ficou no hospital mais sete dias” –, recorda-se com tristeza.
Enquanto estudava, trabalhava e dava conta do recado para manter a casa, Maximiler ainda tinha que cuidar da irmã de oito anos.
Como consegue fazer tudo isso? Ele responde sem medo de errar: “Tudo é fruto da determinação. Em todos momentos, a dança foi um elemento fortíssimo, me tirava de todo esse turbilhão”.
SEMPRE A LUZ Em Joinville, onde já havia participado outras vezes do festival, Maxmiler apresentou um solo com a canção Ain’t no sunshine (Não há luz do sol) do norte-americano Bill Whiters – aliás, para quem quiser ver sua performance, ele se apresentará hoje e amanhã, às 19h30, no Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro de BH. “Estou sempre em busca da luz, mas não é a luz do sucesso fácil. Dança para mim é a emoção em estado bruto, parte de mim”, revela o bailarino, enquanto mostra alguns movimentos da coreografia criada por ele. As mãos cobrem os olhos e depois se abrem como se tocassem o sol.
Depois de posar para as fotos, Maxmiler retira a parte superior da malha e deixa à vista a palavra liberdade tatuada no ombro esquerdo. “É a única que tenho, mas traduz os meus desejos, liberdade de escolha, de viver”. Nesse momento, ele se lembra do momento em que decidiu ser bailarino.
Para a proprietária do Harmonia Studio de Danças, Simone Gouvêa, Maxmiler está pronto para voar. “Além de ser um bom bailarino, com técnica e talento, ele é uma pessoa maravilhosa, tem carisma e é feliz, mesmo tendo passado por tantas dificuldades financeiras. É um orgulho para nós, pois mostra dedicação profissional. Conversamos com jurados do festival de Joinville e muitos disseram que ele precisa ampliar seus horizontes e atuar numa grande companhia em São Paulo, por exemplo”. Satisfeito com os elogios, o mineiro não quer ir tão longe “geograficamente”, pelo menos por enquanto. O maior sonho dele é integrar a companhia de dança O Corpo, de BH. “Fiz audiência lá e não passei.
Frases
"Quero voar bem alto e sempre no mundo da dança. Esse é meu universo, é o que quero para mim"
"Minha família sempre teve dificuldades, nada cai do céu. Eu não tinha dinheiro nem para a passagem de ônibus"