Jornal Estado de Minas

Movimento pela reabertura de mercado distrital promove feira no Santa Tereza

Vários produtos orgânicos são oferecidos - Foto: Pedro Ferreira

Shows, teatro, circo, artesanato, bazar, comidas deliciosas, doces, plantas, feira de produtos orgânicos, feira de vinil e muita animação. O Mercado Distrital de Santa Tereza, no bairro de mesmo nome, na Região Leste da capital, reabre mais uma vez as suas portas neste domingo para a terceira edição do Mercado Vivo %2b Verde, projeto voltado para efetivar a ocupação cultural e comunitária do espaço que está fechado há nove anos pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A festa acontece na área de estacionamento e vai até 18h, com entrada gratuita.

A proposta do Mercado Vivo %2b Verde foi elaborada pelo Movimento Salve Santa Tereza, a partir da demanda de moradores da região, e agrega outros interesses, como o de incluir iniciativas de desenvolvimento da agricultura familiar, fomento artístico e espaço de valorização da cultura negra.

Tatiana Pimentel Fischer Fonseca é uma das organizadoras e representa a Feira Terra Viva, que é uma feira de economia solidária que trabalha com produtos orgânicos, agroecológicos e artesanais. “A gente participa a convite do Movimento Salve Santa Tereza e da associação por acharem que a proposta que eles pensaram para o mercado tem tudo a ver com os ideais da feira”, disse Tatiana, lembrando que o mercado chegou a um estado de abandono e que os hábitos de consumo da nova sociedade acabam não dialogando com o que o mercado era antes.

A proposta para o novo mercado, segundo Tatiana, é que seja uma referência em agroecologia e em produtos orgânicos, na economia solidária, que seja um ponto de apoio para o pequeno agricultor e para a agricultura familiar. “Que a gente tenha o menor número possível de atravessadores entre os produtores e os consumidores, um preço melhor para ambos e um produto de maior qualidade, que tenham relações mais justas com a terra e de consumo também, que o consumidor tenha consciência do que está consumindo”, completa.

Muita gente aproveitou para comprar vinis e CDs independentes - Foto: Pedro FerreiraOutra proposta do movimento, segundo Tatiana, é valorizar o espaço público que é o mercado, que está, segundo ela, largado às traças. “Cada vez mais, a gente está vendo a privatização dos espaços. Aqui, a gente pensa um espaço acessível para todos, na perspectiva de geração de renda”, reforça Tatiana.

Para Tatiana, o Bairro Santa Tereza tem uma vocação cultural muito grande, lembrando que é berço do Clube da Esquina, Skank, Sepultura e outras bandas de música, e que a cultura tem tudo a ver com educação.
“São coisas que não caminham separadas. A própria gastronomia e as feiras são espaços de produção e troca de cultura. A ideia do movimento é fomentar a cultura local, a cultura produzida no bairro e na cidade, a cultura em todas as suas formas”, ressaltou.

A primeira edição do evento ocorreu em setembro de 2014, na Rua Alvinópolis, lateral ao Mercado, quando o espaço ainda estava cedido pela Prefeitura de Belo Horizonte à Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que pretendia abrir no local uma escola industrial automotiva. Os moradores se mobilizaram e, em março de 2015, o mercado foi incluído no documento de proteção do Conjunto Urbano do Bairro Santa Tereza, pelo Conselho do Patrimônio Cultural da cidade, e a Fiemg abriu mão do investimento no local.

Em fevereiro deste ano, o mercado passou a ser gerido pela Fundação Municipal de Cultura (FMC). A pedido dos moradores, foi formada uma comissão paritária entre representantes da gestão municipal e da sociedade civil para discutir formas de uso e de ocupação do espaço. Representantes do Salve Santa Tereza e da Feira Terra Viva, que fazem parte da comissão, propõem a ocupação imediata do antigo estacionamento, que, de acordo com eles, dispensa reforma ou adaptações. Os moradores lutam para que o Mercado Vivo %2b Verde se torne mensal ou semanal.
A segunda edição foi em 15 de maio deste ano e atraiu centenas de visitantes.

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