Depois de uma briga ríspida ainda na noite de domingo, ele voltou para casa, mas, não satisfeito, procurou novamente a mãe de Luana na madrugada de ontem. Como encontrou apenas a garota dormindo sozinha, esfaqueou a criança e fugiu, sendo impedido de deixar a cidade por populares na rodoviária de Manhumirim. Segundo a PM, a população local tentou linchar Miguel, mas um policial que estava de folga ouviu tudo e fez a prisão do autor. Ele teve que ser transferido para a vizinha Manhuaçu, também na Zona da Mata, para evitar que a ira dos moradores se transformasse em nova tragédia. A mãe da criança poderá responder por abandono de incapaz.
De acordo com o sargento Roberto Sathler, da PM de Manhumirim, Miguel é nascido em Brejo Santo, no Ceará, e, de passagem pela cidade mineira, resolveu se estabelecer por um período não determinado. Ele trabalhava com venda de redes e mantas e fez amizade com Rosiele Gonçalves de Oliveira, chegando, inclusive, a morar um tempo na casa dela, até que tivesse condições de bancar sua própria moradia. Entretanto, a PM não sabe se os dois já tiveram algum relacionamento amoroso.
Segundo o militar, Miguel contou que acabou descobrindo que Rosiele estava fazendo algum tipo de macumba para que ele não conseguisse uma namorada. “Ele sempre convivia com ela e ontem (domingo) os dois tiveram uma discussão. Tiveram um atrito bem sério, porque, segundo ele, ela estaria fazendo macumba contra ele, que não estava conseguindo ter relacionamentos amorosos. O Miguel foi tirar satisfação sobre esse fato”, diz o militar. A discussão, porém, terminou e cada um foi para a própria casa, no Bairro Nossa Senhora da Penha.
Não satisfeito, por volta da 0h30 de ontem Miguel voltou à casa da mulher e não encontrou Rosiele, que tinha ido a um forró. Ele achou a pequena Luana dormindo sozinha na residência e acabou cometendo o crime. Ela foi encontrada despida, com sete perfurações e com uma faca cravada na altura do ombro. Um tio da mãe da criança ouviu gritos e foi até a casa, onde viu a cena bárbara e acionou a PM. De acordo com a corporação, o perito da Polícia Civil que compareceu ao local não encontrou indícios que pudessem garantir se houve estupro, o que vai ser esclarecido após exame feito por um médico legista.
“Recebemos a informação de que estaria ocorrendo uma confusão em um táxi perto da rodoviária de Manhumirim. Um militar que mora próximo do local ouviu e foi até o endereço, fazendo a prisão do autor quando ele tentava fugir da cidade”, acrescenta o sargento Roberto Sathler. O militar explicou que populares desconfiaram de Miguel ao descobrirem o crime e foram atrás dele. “Houve uma tentativa de linchamento, mas ele foi preso e trazido para o quartel”, diz o sargento. Foi necessário chamar reforços policiais em Manhuaçu, já que apenas dois militares estavam de plantão em Manhumirim e a população foi para a porta do quartel em uma nova tentativa de linchamento. Miguel foi levado para a cidade vizinha, onde a ocorrência foi encerrada.
Ontem à tarde, mais uma vez a população pressionou para ver o autor, dessa vez na porta do imóvel onde funciona o fórum e também a cadeia pública de Manhumirim. A situação motivou a transferência de Miguel, que já havia retornado para a cidade onde ocorreu o crime, dessa vez para Ponte Nova, também na Zona da Mata, com o objetivo de acalmar os ânimos dos moradores. As pessoas levaram cartazes pedindo justiça para o caso e ofenderam o autor quando ele passou em uma viatura do sistema prisional. Segundo a PM, a mãe da garota assassinada foi encontrada em um forró da cidade, mas, como ficou em estado de choque, não deu informações que ajudassem a entender o histórico de sua relação com Miguel. Ela poderá responder por abandono de incapaz na investigação, que ficará a cargo, a partir de hoje, da Polícia Civil. A assessoria da PC não informou sobre o teor do depoimento da mãe de Luana.