O colorido, a animação e a devoção dos catopês, marujos e caboclinhos voltaram a tomar conta das ruas de Montes Claros, na Região Norte de Minas. O município vive nesta semana o clima das centenárias Festas de Agosto, que constituem uma das mais antigas e ricas manifestações do folclore mineiro, segundo os registros oficiais. Na manhã desta quinta-feira, centenas de pessoas foram as vias centrais da cidade para acompanhar o cortejo do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, dominado pela cor azul. O Reinado saiu da Praça do Automóvel Clube e seguiu até a Igrejinha do Rosário, na Avenida Coronel Prates.
Na manhã de sexta-feira, será realizado desfile do Reinado de São Benedito (cores branca e rosa). Na manhã de sábado, o público acompanha o cortejo do Império do Divino Espírito Santo (cor vermelha). Domingo à tarde, haverá um desfile de todos os três cortejos e que deverá contar também com grupos folclóricos convidados de outras cidades da região como Bocaiuva e Francisco Sá. O cortejo de domingo sairá da Praça da Matriz em direção a Igrejinha do Rosário.
A Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o processo de registro das Festas e Agosto como bem cultural e imaterial do Brasil. A gerente de Preservação da Memória e do Patrimônio Cultural do município, Raquel Mendonça, salienta que a expectativa é que o reconhecimento seja conseguido, tendo em vista a relevância cultural e histórica das manifestações, realizadas há 177 anos e que surgiram a partir da devoção popular, influenciadas pela herança da cultura e religiosidade dos portugueses, dos negros e dos índios.
Os astros das Festas de Agosto são integrantes dos grupos de catopês (cor branca), marujos (cores azul e vermelha) e caboclinhos (representação de vestimentas indígenas, na cor vermelha). São homens simples como pedreiros, pintores de parede e carroceiros, que, nesta época, deixam seus afazeres para se dedicarem as manifestações e encantam os demais moradores e visitantes, saindo as ruas com seus cantos, instrumentos e ritmos. Os festejos contam com cerca de 300 dançantes, distribuídos em seis grupos.
Os catopês chamam atenção pelas roupas brancas e capacetes de fitas coloridas que usam. O líder principal deles é o mestre Zanza, cujo nome de batismo é João Pimenta dos Santos, de 83 anos, que participa das festividades há 78 anos, desde os cinco anos de idade. Ele é um pintor de parede aposentado e preside a Associação de Catopês, Marujos e Caboclinhos. Durante as festas, a quase todo instante, mestre Zanza é parado para tirar fotos com crianças e turistas. Outro protagonista das festas é o mestre João Farias, comandante de um grupo de catopês, que tem a profissão de carroceiro e mora na Vila Camilo Prates, um dos mais humildes da cidade.
Neste ano, os catopês, marujos e caboclinhos estão com casa renovada. A Igrejinha do Rosário, onde eles rezam, cantam e dançam ao final de cada cortejo, foi reformada e reinaugurada. As festas também contam com uma programação de shows de artistas regionais, que acontecem na Praça da Matriz, na parte histórica cidade. No mesmo local foram montadas barraquinhas de comidas típicas, tendo como “atrações” os pratos de carne de sol, feijão tropeiro e o arroz com pequi.
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