Jornal Estado de Minas

Fiscalização bate recorde no Centro de BH durante a Olimpíada

A participação de Belo Horizonte na Olimpíada mudou a rotina de fiscalizações no Hipercentro da capital mineira, que até sábado terá sediado 10 partidas de futebol e recebido 15 delegações internacionais. Tomado por camelôs, flanelinhas, perueiros, sujeira e muitos grupos de moradores de rua, o coração da cidade está no alvo de ações fiscais e do policiamento, em contraste com o que ocorre quando não há eventos de grande visibilidade. De acordo com moradores, comerciantes e pedestres que circulam pela área central, as ações vêm ocorrendo desde antes dos jogos, mas foi intensificada nos últimos dias.

Ontem, a reportagem do Estado de Minas percorreu ruas e avenidas do Centro e flagrou ações, que se estendem também para a Savassi e o Bairro Funcionários. Em uma operação integrada, Polícia Militar, Guarda Municipal e fiscais da Prefeitura de Belo Horizonte abordaram pessoas e revistaram suspeitos. Camelôs tiveram mercadorias apreendidas e infratores foram conduzidos. Na lista de materiais apreendidos estão produtos comumente encontrados no dia a dia do Centro de BH: falsos leitores de cartão de memória, água, cigarro, salgadinhos, carregadores de celular, óculos, frutas, entre outros.

Quem vive, trabalha ou passa pela região percebeu a mudança. “Moro no Centro há 35 anos e percebo que, cada vez mais, essa parte da cidade está um caos, tomada de problemas por falta de fiscalização e policiamento. A situação melhorou, de modo geral, nos últimos dias, por causa dos jogos.
Mas eu quero ver como vai ficar na hora em que a Olimpíada acabar. Foi assim na Copa e não duvido que será diferente”, afirma o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Região Central de Belo Horizonte (Amarce), Hamilton Carneiro Elian.

Um dos camelôs que teve mercadoria apreendida ontem, o menor D., de 15 anos, confirma a situação. “Vendo água aqui há cinco meses e nunca tive mercadoria apreendida. O fiscal muitas vezes passa do meu lado e não faz nada”, disse. O bombeiro hidráulico J.C.F, de 34 anos, que prefere não se identificar, também percebe mudança na fiscalização. “Essa Praça Rio Branco é conhecida como praça do rolo. Aqui se compra e vende de tudo.
O campeão é celular roubado. Mas também tem droga, arma, roupas, entre várias outras coisas legais e ilegais. Desde que a Olimpíada começou, o clima mudou aqui”, afirmou.

INTEGRAÇÃO
Apesar da percepção de moradores e comerciantes, a Regional Centro-Sul da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que não houve reforço na fiscalização na área central da cidade em decorrência dos jogos olímpicos, mas apenas na Região da Pampulha, no Mineirão e adjacências. A Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis) sustentou que a fiscalização é realizada a partir do monitoramento feito por equipes que circulam na região. Informou ainda que o projeto Fiscaliza BH realiza rotineiramente ações preventivas em todas as nove regiões da cidade para coibir a atividade de camelôs e ambulantes e relatou contar com o apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar.

A Smafis afirma fazer trabalho integrado com o Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH). De janeiro a junho deste ano, sustenta a secretaria, foram apreendidos 10.906 itens em via pública, o que inclui mercadorias, faixas, cartazes e equipamentos. A multa para a atividade de camelô pode chegar a R$ 1.785,19, além da apreensão da mercadoria. A Polícia Militar também confirmou a realização rotineira de ações integradas para coibir a ocorrência de crimes na região central e informou que o balanço da operação de ontem só seria divulgado hoje..