Jornal Estado de Minas

Mineiros que fizeram transplante de intestino nos EUA estão prestes a voltar

Segundo a mãe de Gabriel Rocha, ele agora está um "espoleta' - Foto: Arquivo pessoalEnquanto o torcedor da vida e também do Cruzeiro, Matheus Teodoro Oliveira, de 7 anos, acaba de entrar na lista de transplantes de intestino do hospital Jackson Memorial Medical, outros dois garotos mineiros já enfrentaram o longo processo de recuperação em Miami, nos Estados Unidos. Com a saúde em dia, Gabriel Rocha, de 6 anos, filho de Rita de Paula Rocha, de 38 anos, natural em Governador Valadares (MG) e o adolescente Antônio Gleiber Júnior, de 17 anos, de Campos Gerais (MG), estão prestes a voltar para casa, prontos para uma vida de liberdade, sem depender da ajuda de aparelhos para se alimentar e de estar ligados a fios ou bolsas para o intestino funcionar. “Matheus é uma gracinha. Se Deus quiser, vai ser transplantado logo e será muito feliz, igual ao Juninho”, deseja a mãe Alessandra Gleiber, pelo telefone. O jovem reclama de saudades da vida na roça e do cavalo quarto de milha Tesouro, deixado para trás no Sul de Minas.


Calcula-se que cerca 1 mil pessoas morram, todo ano, em função da inexistência do transplante de intestino no Brasil, segundo ações em andamento na Justiça implorando o tratamento, como única chance de salvação. “Depois da cirurgia, Gabriel ficou uma espoletinha. Embora ainda precise de remédios (para evitar rejeição dos órgãos), a vida dele melhorou 100%. Antes, ficava gemendo de dor 24 horas.
Nem morfina resolvia”, revela a mãe Rita Rocha, que mora nos Estados Unidos há mais de 15 anos e se naturalizou norte-americana. O filho, cidadão americano, teve todas as despesas pagas pelo governo dos EUA, no centro de referência de transplantes de intestino e multivisceral Jackson Memorial Medical, que já cuidou de em torno de 400 casos semelhantes.

Segundo Alessandra e o marido, o agricultor Antônio Gleiber, Juninho recebeu alta médica em julho, data em que o venceu o aluguel da casa em Miami. O restante das despesas, que vinham sendo pagas por ordem da Justiça brasileira, até então, são cobertas pela família com doações da campanha. A família passou a morar de favor no apartamento de outra brasileira, em Miami. “O Brasil não faz o transplante nem o pós-transplante. A maior dificuldade está sendo conseguir quem se responsabilize pelo atendimento ao jovem pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, denuncia o advogado Claudinei Szymcak.

Ele entrou no caso a partir de outubro de 2014, quando Juninho recebia tratamento no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR). Ele tinha a indicação de transplante, mas apenas o hospital de Miami havia feito a cirurgia com sucesso, até o momento.

À espera dos órgãos Depois de embarcar para Miami, nos Estados Unidos, em 24 de junho, Matheus Oliveira, de 7 anos, recebeu do Jackson Memorial Medical a indicação de transplante de intestino grosso e delgado, em vez do multivisceral, de maior complexidade, que estava previsto anteriormente, a expectativa é de que a cirurgia definitiva seja marcada em poucas semanas, embora o tempo de recuperação possa levar até um ano.
A mãe, Gecilene Oliveira, deixa perto o telefone, que poderá tocar a qualquer momento, comunicando a chegada dos órgãos. O pequeno reza todas as noites pedindo um ‘órgão novo para o papai do céu’.

A viagem foi possível depois que a União quitou os custos do tratamento, cerca de R$ 4,1 milhões. A família contou também com doações, por meio da campanha #JuntospeloMatheus, com milhares de seguidores na internet e que chegou a arrecadar R$ 700 mil. Cruzeirense, Matheus ganhou notoriedade nacional em outubro de 2015, quando entrou em campo com os jogadores do clube na partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Com o Mineirão lotado, ele teve o nome cantado pelos torcedores celestes.

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