Com a filha de 1 ano e oito meses, o casal Ana Paula e Alexander Aldano elogiou o festival, que teve aula e competição de lindy hop - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A PressO alto-astral invadiu a Praça do Papa na tarde de ontem. Quase que como um resgate às décadas de 1920 a 1940, a 8ª edição do Festival I Love Jazz transformou o tradicional ponto turístico aos pés da Serra do Curral, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em uma pista de dança típica dos anos de ouro do estilo musical originado nos Estados Unidos. O evento reuniu famílias inteiras, casais, amigos e músicos de primeira linha da cena artística do jazz de Belo Horizonte, de outras capitais e também do exterior. E mais uma vez agradou. O público dançou, cantou e se encantou ao som de clássicos de uma programação que se estendeu até a noite.
Nesta edição, o festival reforça uma característica marcante do jazz: a liberdade própria do estilo musical. No palco, além dos grupos originais, o evento reuniu artistas brasileiros e músicos internacionais. “Essa interação é muito bacana. E o jazz permite esse intercâmbio.
Não exige um arranjo prévio. Cada um mostra sua individualidade e daí sai uma produção nova que agrada demais ao público”, explica Marcelo Costa, criador do I Love Jazz e integrante da banda Happy Feet Jazz Band, que se apresenta hoje.
Marcelo afirma que a cada ano o festival reforça seu legado de popularizar o jazz em BH. “As pessoas gostam muito. E mesmo quem não conhece, se envolve com a música que é agradável e alegre. Além disso, o festival tem grandes pontos positivos. É um evento de muitas horas, que começa à tarde e se estende até a noite, o que permite pessoas de todas as idades virem para se divertir”, diz.
- Foto: Marcos Vieira/EM/D.A PressPresente na programação há três anos, o lindy hop prendeu a atenção da plateia. A divertida dança de origem afro-americana abriu a programação com uma aula aberta ao público.
Quando surgiu, o lindy reunia dançarinos que se juntavam para curtir, dançar e criar passos. Ontem não foi diferente no “salão de dança” da Praça do Papa, onde até mesmo quem não conhecia o estilo se rendeu ao som do swuing jazz do lindy hop. “O lindy tem essa característica de envolver todo mundo numa onda de alegria. É uma dança divertida, livre e sem a formalidade exigida por outros estilos”, afirma a designer gráfica Jaqueline Martins, de 34 anos, uma das integrantes do grupo Be Hoppers, organizador do aulão.
O evento teve ainda uma competição de lindy hop, nas categorias iniciante e intermediário, com dançarinos de BH e também dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que vieram exclusivamente para o evento. “Já fiz dança e experimentei outros estilos. Cada um tem sua peculiaridade, mas o lindy foi o que mais me encantou, pela interação que essa dança permite e pela leveza que ela traz”, afirma a estudante mineira Marina Barra de Melo, de 29, que dança lindy hop desde março.
No meio da tarde, foi a vez das artistas do Caffeine Trio subirem ao palco. Formado pelas cantoras Sylvia Klein, Renata Vanucci e Carô Renno, o grupo fez uma síntese do jazz dos anos 1920, marcado pelo sofisticado close harmony, com ritmos da sonoridade brasileira. Nessa mistura bem-humorada, entraram leituras swingadas de músicas como Taí; Aurora; Tico Tico; e Meu sangue ferve por você.
Mais tarde, David Kerr e Canastra Trio (Tributo a Cole Porter e George Gershwin) se apresentaram e o Gunhild Carling encerrou a programação, que agradou muito a quem esteve na Praça do Papa para prestigiar o evento.
Com a filha de 1 ano e oito meses no colo, o casal Ana Paula de Melo Aldono, de 37 anos, e Alexander Aldano, de 34, elogiou a organização do festival. “Esse é evento muito importante para a cidade. Engloba música de qualidade, com um cenário lindo, ao ar livre e bem perto da natureza. Já estivemos em outras edições e sempre gostamos muito”, disse Ana. As amigas Saritha Azevedo Ribeiro, Karla Liboreiro, ambas de 34, e Ana Paula Maia, de 33, também aprovaram. “Esse é um evento gratuito e democrático, com música de altíssima qualidade”, afirmou Karla.organização do Museu do Cotidiano, ainda com visitas marcadas com antecedência para pequenos grupos, começa pelo fundo do galpão. Antônio se orgulha em mostrar as prateleiras brancas, no total de mil metros lineares, que encontrou num ferro-velho e eram usadas como gôndola de supermercado. Bem distribuídas estão as peças de escritório, troféus sobre o cofre da antiga estação ferroviária de BH, bola de futebol autografada por Pelé, móveis de cartório, relógios, ourivesaria e lapidaria, tesouras de alfaiate e a seção de vícios, com isqueiros de todos os tamanhos e formatos, cachimbos e charutos. Um destaque é o macacão usado pelo piloto supercampeão Ayrton Senna (1960-1994) no Grande Prêmio do Japão, e adquirido da viúva, brasileira, do mecânico da equipe. No mezanino, já podem ser vistos os quadros do pintor Lorenzato (1900-1995).
Pegando um pequeno copo de aperitivo, o dono do museu pergunta e responde: “Sabe por que o guardei? É porque o relevo é do lado de dentro, e não de fora.
Assim, também mantive esta placa “Ar condicionado”, simplesmente por estar escrito “Ar condiconado”. As placas também ocupam lugar de destaque, e algumas estão em exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade. Certo de que é responsável por um tesouro cultural, Antônio Carlos cita uma que gosta muito: “Sapataria. Aqui não fazemo sapato só consertamo. As veiz faz”. Já no Espaço do Conhecimento UFMG, a exposição Processaber, aberta para visitação até 25 de setembro, exibe parte desse inestimável patrimônio.
Artistas plásticos, designers e estudantes, com seus professores, são visitantes contumazes do acervo. “Não quero um museu de antiguidades, mas em constante movimento. Tenho peças de 300 anos e também de dois dias atrás”, revela o guardião. Quando esteve no local, o ex-goleiro da Seleção Brasileira Emerson Leão se emocionou ao ver as tesouras de alfaiete, profissão que seu pai exerceu. Já o francês Pierre Catel, responsável por vários projetos museográficos em Minas, se espantou ao ver acervo de tal dimensão.
“Ele disse que tenho objetos para 90 museus”, recorda Antônio Carlos com alegria.
Ao visitar o acervo, o secretário de estado de Cultura e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) Angelo Oswaldo, observou que “Antônio Carlos Figueiredo estabeleceu uma coleção inusitada, que brota do cotidiano de ontem ou do amanhã, ao buscar todo tipo de objeto que referencie a vida que passa. Com isso, criou um formidável acervo histórico, repleto de narrativas, no qual os espectadores encontrarão ou formarão as mais diversas perspectivas de compreensão do cotidiano”..