Empresas de ônibus de Belo Horizonte adotaram ontem a operação das viagens sem a presença do cobrador na linha 62 do Move (Estação Venda Nova/Savassi). De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), a medida é legal e foi colocada em prática no domingo por causa da redução do número de passageiros nos fins de semana. Mas, de acordo com motoristas do itinerário, a mudança deve começar a valer também para feriados e horários noturnos, segundo informações que receberam nas empresas. O Estado de Minas foi às ruas ontem e comprovou a circulação dos coletivos sem os funcionários que controlam a passagem dos usuários nas roletas, medida desaprovada tanto por condutores quanto por passageiros.
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Motoristas entrevistados pelo EM durante viagens ao longo de ontem afirmaram que, com mais uma atividade, o risco de acidente é grande. “A gente tem que prestar atenção em um monte de coisas ao mesmo tempo. Tem que voltar o troco, abrir e fechar as portas, ficar atento ao trânsito e ter cuidado com a segurança do passageiros. Uma hora isso pode falhar e resultar em problema”, disse um dos motoristas que preferiu não se identificar. Um colega da linha lembrou um ponto importante: “Quando a gente tiver que embarcar ou desembarcar um cadeirante, com o elevador, o carro vai ficar ligado, só com a manete do freio acionada. Isso pode ser perigoso, tanto em descidas e subidas.
O diretor de comunicação do STTR também cita o prejuízo aos motoristas. “Infelizmente, prejudica sim. Porque é um acréscimo de tarefas que pode trazer uma série de dificuldades que precariza a função”, alertou. Ele disse que as empresas podem estar fazendo testes em linhas com demanda menor. “A partir do momento em que ficar constatado que não dá para fazer, as empresas não vão fazer.”
Passageiros também desaprovaram a medida por entender que, sem cobrador, haverá atrasos e falta de segurança durante as viagens. “O trânsito já é estressante. Com mais uma função, o motorista vai ficar sobrecarregado, pode perder a atenção e provocar um acidente”, lembrou o segurança Samuel Elias, de 35 anos. A mulher dele, Rosângela Silva, também de 35, concorda e lembra que, sem cobradores, o tempo das viagens que já é longo, pode ser ainda maior, para prejuízo dos passageiros.
O SetraBH descartou que alguma empresa cogite a possibilidade de extinguir a função de cobrador e informou que não há como operar, permanentemente, sem o agente de bordo porque mais de 30% dos passageiros ainda pagam a passagem com dinheiro, por não terem o cartão BHBUS.