Um homem de 40 anos foi preso em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, acusado de abusar da filha e de mantê-la em cárcere por mais de 12 anos. A denúncia partiu do irmão da vítima, uma jovem de 20 anos. De acordo com o delegado da cidade, Diego Bruno Dias do Nascimento, a garota era impedida de sair de casa, na zona rural do município, e só tinha autorização para fazê-lo mediante a companhia do pai, que tinha total controle de sua vida. Ela frequentou a escola, mas não concluiu o ensino médio.
“Normalmente, os pais temem que os filhos saiam por motivo de segurança. Mas, neste caso, ele queria impedir que a filha tomasse providências em relação aos abusos, para conseguir manter relação sexual forçada e para que os fatos não fossem comunicados à polícia”, afirma o delegado. Em depoimento, a jovem relatou que os abusos começaram quando ela tinha 8 anos. Das carícias, a situação se agravou até a relação sexual se consumar quando ela completou 18 anos. “O ciúmes foi aumentando e ele se tornou possessivo. Ninguém ficava com ela sozinha, não podia nem mesmo conversar com a mãe em particular”, relata.
Segundo Nascimento, a mãe contou em depoimento que desconfiava, mas não conseguia reunir provas. Cogitou até mesmo esconder câmera em casa, mas tinha medo do marido, que por ameaças e um comportamento agressivo, impunha sua vontade dentro de casa. Cada vez mais desconfiado de algo errado e intrigado pelo fato de a irmã só andar cabisbaixa, o irmão conseguiu extrair alguns relatos durante uma rápida conversa em que a menina admitiu querer se matar. Ele foi à delegacia imediatamente.
“Inicialmente, pensamos se tratar de uma simples denúncia, mas acreditei na história depois de ouvir a mãe, a namorada do irmão e a própria vítima. Quando a vítima conta a história, não o faz necessariamente da forma como a denúncia chegou. Mas, neste caso, foi o contrário, o que a vítima disse é mais grave que a denúncia”, afirma o delegado.
O depoimento da garota só foi possível porque a polícia armou uma falsa diligência, com a participação do pai, para que ele saísse de casa e ela pudesse chegar à delegacia. “Como não tínhamos como prendê-lo em flagrante, orientamos a menina a ficar tranquila. Ele continuou vivendo com ela por mais uma semana, até sair o mandado de prisão”, relata. O acusado está em prisão preventiva em Pouso Alegre, também no Sul de Minas, e pode pegar até 20 anos de cadeia, se condenado. A polícia vai enviar ofício à prefeitura, pedindo apoio psicológico para a vítima.
RB