Foram três filhos assassinados. Dois deles perderam a vida há dois anos, completados ontem, numa emboscada a poucos metros de onde moram, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O terceiro foi morto há um ano, completado no início do mês, na porta de casa, aos pés de sua mãe.
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Polícia procura assassinos de casal em Betim, na Região Metropolitana de Belo HorizonteHomem é encontrado morto debaixo de viaduto, no Centro de BetimPM desmantela fábrica de armas caseiras em São Joaquim de BicasInsegurança no varejo leva lojistas a investir em equipamentos de vigilânciaMulher é amarrada em poste e espancada em BHJovens e negros são as principais vítimas dos homicídios no paísMesmo em queda, assassinatos em BH ocupam alto patamar, diz especialistaDe acordo com o levantamento, dois terços das cidades mais violentas do país estão no Nordeste. Dos 150 municípios com as maiores taxas de homicídios por arma de fogo, 107 ficam na região. Os dados se referem ao período entre 2012 e 2014.
A outra é Betim, com 50 mortes por 100 mil habitantes, na 100ª colocação na lista geral. Já Belo Horizonte, em 10 anos, teve queda de quase 46% nos assassinatos por arma de fogo, enquanto Minas Gerais teve aumento de 2,5%. Publicado pela primeira vez em 2005, o estudo foi coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
De acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolítico da PUC-Minas e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio Reis, o aumento da criminalidade em São Joaquim de Bicas está relacionado à criação do complexo prisional no município.
“No período em que Minas Gerais teve o maior acréscimo populacional do Brasil em 10 anos, o sistema prisional de Minas aumentou 500%, e agora está superlotado de novo. Uma grande parte desses presos da região metropolitana foi para São Joaquim de Bicas, onde foi criado um grande complexo prisional”, disse o especialista.
Segundo ele, vários estudos mostram que complexos prisionais causam repercussões muito negativas em cidades.
É o que pensa o comerciante Paulo Antônio Rodrigues, de 40, morador da cidade, que afirma ainda que a segurança melhorou em alguns aspectos e piorou em outros. “Viaturas novas temos, mas não dá para contar com a polícia na hora do fato, demoram para aparecer. E muitas ocorrências são por causa de tráfico de drogas”, diz.
Em relação a Betim, o aumento da criminalidade, segundo Robson Sávio Reis, está relacionado a um desarranjo da segurança pública local. “Mesmo durante o momento em que tínhamos queda de homicídios em BH, em Betim não estava ocorrendo nada. Temos problemas, inclusive de nível local, que fazem com que Betim seja um caso à parte”, afirmou Sávio Reis. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que não comentaria a pesquisa e os problemas relacionados às duas cidades.
TRAGÉDIA Era 25 de agosto de 2014. Jagner e Ronivon Borges da Silva, de 21 e 22 anos, acabavam de chegar do trabalho com o pai quando resolveram ir à farmácia comprar um remédio.
“Meus filhos tiveram anteriormente problemas com a Justiça, acertaram tudo e, um dia, os bandidos vieram em casa nos ameaçar, pois queriam que eles vendessem drogas e os meninos se recusaram. A gente lutava para o bem deles e os vagabundos queriam levá-los para o mundo do crime”, conta Dílson. Na época, os traficantes deram prazo de 15 dias para a família abandonar a casa que construíram com sacrifício, largar tudo e ir embora do Bairro Pedra Branca.
Em 6 de agosto do ano passado, outra tragédia. Águida saía de casa para levar o caçula à escola, quando ouviu os tiros que acertaram David, de 25, o mais velho dos sete filhos, testemunha do outro caso, na porta de casa na Rua Itajubá. “Atirei pedra, pau, tudo o que tinha aqui para que os cinco homens parassem. Mas não adiantou”, conta a mãe.
Ontem, exatos dois anos depois da primeira tragédia, o casal, que hoje luta pelos quatro filhos, sendo o mais novo de 5 anos e a mais velha de 16, não escondia a dor e a esperança. No dia 14 do mês que vem, quatro dos acusados da chacina vão a júri popular no fórum da cidade vizinha de Igarapé. Um homem e uma mulher ainda estão foragidos. “Não espero mais nada. Só a justiça”, afirma a dona de casa.
Eles se agarram às boas lembranças, como as 200 medalhas e troféus que os três filhos mais velhos ganharam em competições de futebol de salão e de campo. Jagner chegou a morar seis meses no Rio de Janeiro, treinando no Botafogo. “Vou lutar até o fim por justiça”, diz o pedreiro..