Um dos pontos mais polêmicos sobre o Iate – demolição do anexo de 4 mil metros quadrados, que se não for feita, levará a Pampulha à perda do título em três anos – ainda não teve decisão. Segundo a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, Lílian Marotta, será feita uma avaliação mais profunda sobre a questão, especialmente em relação à documentação de propriedade do empreendimento, que pertencia ao poder público municipal e, em 1960, se tornou privado. “Vamos verificar toda a documentação, escritura, topografia, histórico e outros dados, para depois apresentar um cronograma ao Iate”, afirmou.
A promotora de Justiça explicou que, neste momento, o importante é tratar da restauração da sede do clube. “É fundamental que a diretoria do clube busque se apropriar da importância cultural do Iate e promova as ações necessárias ao bem cultural, que agora é Patrimônio Cultural da Humanidade”. Ficou acertado também que, no prazo de 10 dias, a Prefeitura de Belo Horizonte vai encaminhar um ofício ao MPMG informando sobre o estágio de negociações com a Aeronáutica referente a um terreno do município em frente ao Iate, onde poderia ser reconstruído o estacionamento, salão de festas e academia de ginástica que o ocupam o anexo.
CUSTOS A promotora de Justiça disse que ainda não ficou definido quem vai arcar com os custos do projeto e da execução do restauro. O advogado do Iate Tênis Clube, Roberto Portes, explicou que o clube não tem recursos para bancar os serviços. Ele disse que o anexo, considerado irregular pela PBH e inaugurado em 1984, foi construído com projeto de arquiteto e “teve até a presença do prefeito na solenidade inaugural”. Ele adiantou que, se o anexo tiver que ser demolido, o clube terá que ser indenizado, embora não saiba o valor necessário. A diretora do Conjunto Moderno da Pampulha, da Fundação Municipal de Cultura (FMC/PBH), Luciana Feres, disse que a reunião serviu, principalmente, para estabelecimento de prazos, sem, no entanto, ter firmado ainda um termo de ajustamento de conduta (TAC) sobre a demolição do clube, que foi desapropriado pela PBH em fevereiro.
HISTÓRIA Concebido por Oscar Niemeyer como equipamento público de lazer e esportes para a população, o clube incluía piscinas, quadras esportivas e acesso à lagoa para realização de atividades náuticas como o remo e a vela. Conforme os arquitetos, a edificação inaugurada em 1943 se harmoniza plasticamente debruçando-se sobre a represa. Para imprimir ritmo às fachadas, foram usados brises metálicos em caráter funcional, garantindo proteção quanto à incidência solar no interior do salão que chega pelas paredes envidraçadas. O Iate foi privatizado em 1960 e manteve o uso como espaço de lazer e práticas esportivas.