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Tragédia no Rio: carta sugere que mineiro passava por problemas profissionais"A família está chocada, não dá para entender", diz primo de mineiro morto no Rio Família de mineiro é encontrada morta em condomínio no Rio de JaneiroEspecialista analisa o que pode ter levado homem a matar família e cometer suicídio"Explicação foi embora", diz família em enterro de mãe e filhos mortos no RioMédicos veem distúrbios em comportamento de mineiro que matou família no Rio de Janeiro“A família está chocada, não dá para entender. A ficha não caiu”, afirma o advogado Nelson Valenzuela, primo de Nabor Coutinho Oliveira Júnior. Segundo ele, Nabor chegou de Boston no domingo, onde estava a trabalho pela nova empresa. Ele cogita a hipótese de alguém ter cometido o crime. “Contra fatos não tem argumento. Liguei para o irmão dele pedindo para conversar com o porteiro, com o síndico, olhar a imagens das câmeras de segurança, para ver se identifica algum desconhecido, porque não dá para entender por que o Júnior fez um negócio desse.
Uma carta escrita a mão encontrada no apartamento e supostamente escrita por Nabor revela que ele passava por problemas pessoais e profissionais, mas não financeiros. A informação é do delegado titular da Divisão de Homicídios do Rio, Fábio Cardoso, que mandou a carta para a perícia para comprovação de autoria. “Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão, mas melhor acabar com tudo logo e evitar o sofrimento de todos. Está claro pra mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais nada e não vou ter como sustentar a família”, diz um trecho da carta. A polícia também obteve imagens das câmeras de segurança do prédio.
SURPRESA Moradores e o porteiro do prédio ficaram assustados com a tragédia.
A doméstica Lucina Salviano da Silva, que também trabalha em um dos apartamentos, contou que acordou às 6h20 para chamar uma criança para ir para a escola. “Ouvi os barulhos, como se fosse de tiro e chamei a minha patroa, disse que estava acontecendo alguma coisa. Olhei pela janela e vi o primeiro corpo.
A TIM, empresa na qual ele já trabalhou, divulgou nota sobre o episódio. “É com profundo pesar que todos os colaboradores da TIM Brasil receberam a trágica notícia da morte do ex-funcionário Nabor Coutinho e sua família. Nabor era um profissional respeitado e querido por toda equipe e havia se desligado voluntariamente da companhia no último mês de julho, depois de muitos anos de colaboração, para se dedicar a um novo desafio em sua carreira. A TIM se solidariza com familiares e amigos”, diz a nota da empresa.
“A vida dele era a mulher e os filhos”
Aparentemente, uma família sem problemas. Parentes relatam que, além de pacato, o administrador Nabor Coutinho Oliveira Júnior era um pai e marido exemplar. Formado no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e em administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele era um autodidata dos computadores, tendo criado, inclusive, vários programas. Por causa de sua desenvoltura, ele foi contratado pela TIM em BH, onde trabalhou por um ano, sendo depois transferido com a mulher, que também foi funcionária da empresa, para um cargo de gerência no Rio, onde moravam há 10 anos.
Nabor tem parentes em BH e em Contagem, na região metropolitana. Ele e o irmão foram criados pelos tios, depois de perder a mãe quando o administrador tinha apenas 1 ano. O amor e a cumplicidade eram tamanhos, que todo sábado de manhã, Nabor, a mulher e os filhos tomavam um “café da manhã virtual” com os pais de criação. Pelo computador, eles punham a conversa em dia.
COMPANHEIRISMO A mulher e as crianças estiveram na capital mineira pela última vez no mês passado. Ela, aliás, era uma pessoa divertida, solidária com os colegas de trabalho. Na hora de dividir as tarefas, não tinha tempo quente. É assim que os amigos definem Laís Khouri, formada em publicidade e propaganda pela UFMG, onde fez muitos amigos. “Ela era alegre, divertida e não tinha apego a grana”, conta o publicitário Marcos Faria, que trabalhou com Laís na década de 1990 por cerca de três anos, numa produtora. Logo depois, ela foi trabalhar no setor de telecomunicações.
Ele conta que os amigos estão consternados e a cidade de Formiga está abalada com o ocorrido. “Eu não conhecia o Nabor, mas ele só pode ter tido um surto. Como as pessoas estão abaladas com a crise econômica, elas entram num processo de loucura e acham que com esse tipo de ato estão defendendo a família. Lamento muito que isso tenha ocorrido”, diz Marcos Faria.
“Mas, está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. ão vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família. E da forma como udo ocorreu, sei que meu nome vai ficar queimado nesse mercado de VAS (serviços de valor adicionado). Não vou ter aonde trabalhar.”
“Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão. Mas, melhor acabar com tudo logo e evitar o sofrimento de todos.”
“E nos últimos dias, passei a ser menos envolvido ou copiado nos e-mails dos projetos que estão rolando. Pode ser cisma minha, mas parece já um sinal de que não me querem mais lá.”
TRÊS PERGUNTAS PARA
Nelson Valenzuela, primo de Nabor Coutinho
O que pode ter levado o Nabor a cometer este ato?
Se foi ele, ele surtou. Ninguém jamais faria isso em sã consciência.
A família quer esclarecer as circunstâncias das mortes?
Se foi um terceiro, sim. Se foi o Nabor, acho que o melhor é pôr uma pá de cal nessa tragédia. O Nabor não está aqui para explicar. Só ele saberia informar os motivos que o levaram a isso e essa situação transtorna todo mundo.
Nabor relatou algum problema pessoal ou profissional pelo qual estivessem passando?
Não. Se tinha algum problema, era só para ele e ele se fechou..