Jornal Estado de Minas

Para voluntários, a maior recompensa é o bem do próximo

Todo dia é dia de fazer o bem. No domingo, 28 de agosto, quando foi comemorado o Dia do Voluntário, carinhosamente chamado de Dia V, o país homenageou 16,4 milhões de brasileiros que dedicam duas horas por semana a uma causa nobre, com o compromisso de ajudar a melhorar o mundo.

“Se a gente pensar demais, nunca terá tempo sobrando na vida atual. Eu fiz a hora acontecer e me apaixonei pela causa”, derrete-se Bernadette Mendes que, há 15 anos, iniciou os trabalhos como voluntária e se tornou vice-presidente do corpo de voluntariado da Associação Mineira de Reabilitação (AMR). Aprendeu o ofício com o avô do marido, fundador da entidade há mais de 50 anos, o construtor José Mendes Júnior.

“Minha sogra dizia que a hora certa chegaria, quando meus filhos crescessem um pouco. Mas decidi engajá-los nos trabalhos com as crianças da AMR e eles também se envolveram comigo. É muito bom ver uma pessoa feliz”, afirma Bernadette, que ensinava a fazer pontos de cruz na portaria da AMR.

Com isso, ajudava a distrair as mães das crianças de baixa renda com deficiência física, atendidas pela instituição.
Criada como uma oficina de bordados por Vânia Vida, também voluntária, hoje o projeto gera renda para as participantes.

“Enquanto os filhos faziam terapia, as mães ficavam ansiosas nos corredores da AMR. Por isso, tivemos a ideia de abrir uma sala de espera para essas mães. Depois, para que elas pudessem tornar aquele tempo produtivo e também se distrair, criamos oficinas de bordado, crochê, tricô e bijuterias”, conta Vânia.

“Hoje, o material produzido por essas mães é vendido em nossa lojinha e elas são remuneradas de acordo com sua produtividade. Já ouvimos depoimentos emocionantes de que o dinheiro tem ajudado no lanche das crianças na escola e até na aquisição de aparelhos domésticos”.

Para Vânia Vida, o voluntário faz um bem não apenas para a sociedade, mas para si próprio. “As pessoas costumam pensar que o voluntariado é um trabalho em que não se ganha nada, mas, na verdade, quem ganha mais é o próprio voluntário, porque faz bem para a gente”, ela diz.

“Além do mais, é um grande exercício de cidadania”.
Antes, as mulheres andavam ansiosas pelos corredores da entidade, enquanto os filhos frequentavam as longas sessões gratuitas de fisioterapia, reabilitação e esportes.

Dependendo do caso, o tratamento pode ocorrer de duas a três vezes na semana, ou mesmo diariamente, até o aluno conquiste alguma autonomia. Guerreiras, muitas vezes essas mães largam seus empregos, passando a viver em função dos cuidados especiais com as crianças.

ATENDIMENTOS
Descendo e subindo as rampas por onde passam as cadeiras de rodas, andadores e muletas, são atendidos em torno de 450 crianças e adolescentes em cadeiras de rodas e outros equipamentos, portadores de paralisia cerebral e outras síndromes, atendidos na AMR. À espera de uma vaga, a instituição conta com cerca de 100 famílias na fila.

Para se tornar voluntário na turma de 240 inscritos da AMR, é necessário atender a alguns requisitos da entidade, como disponibilidade para atuar no mínimo quatro horas semanais, sempre em um mesmo dia da semana, ter mais de 18 anos e muita responsabilidade e amor no coração. Mais informações: (31) 3304-1325.