Sossego para alguns, prejuízo para outros. O acordo de 30 dias firmado entre donos de bares e restaurantes, moradores e lojistas da Rua Alberto Cintra, no Bairro União, na Região Nordeste de Belo Horizonte, para suspender a música ao vivo, dentro e fora dos estabelecimentos, por causa do barulho, foi prorrogado por mais um mês. Representantes se reuniram quarta-feira à noite com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), mas não chegaram a uma solução favorável a todos.
Para os moradores, a trégua garantiu noites tranquilas de sono. “Foi uma benção esses 30 dias. A música ao vivo realmente atrapalhava a gente a dormir. Tivemos um mês de paz”, disse, satisfeita, a empresária Estela Regina Xavier, de 61 anos, moradora da Rua Flor de Jequitibá esquina com Alberto Cintra.
Segundo a empresária, apenas o dono de um espetinho descumpriu o acordo de vez em quando, colocando música ao vivo e mecânica dentro do estabelecimento. “A minha vizinha foi lá falar com o dono, já bem tarde da noite, e ele disse que estava dentro do seu limite e que iria até a hora que quisesse. Mesmo assim, a trégua foi maravilhosa. A gente só quer é dormir”, disse Estela.
O empresário Marcílio Otávio Morais de Paiva, de 36, dono de uma rede de espetinhos na capital, reclama que sem a música ao vivo as vendas caíram 75% na unidade da Alberto Cintra. “A gente teve que mandar três pessoas embora, estou com sete funcionários e há risco de mandar mais dois embora”, disse.
Alvarás O conselheiro administrativo da Abrasel, Tulio Montenegro, participou da reunião e disse que a única solução seria o Conselho Municipal de Política Urbana (Compur), ligado à prefeitura, se pronunciar sobre alvarás para que bares e restaurantes tenham música ao vivo. Segundo Montenegro, os bares e restaurantes que colocam música ao vivo correm risco de multa. “A fiscalização multa, mas eles não pagam”, disse.
Montenegro defende convivência na região. “Tem de haver uma convivência entre bares e moradores e também entre bares e comerciantes.” Na reunião, segundo ele, a maioria dos donos de bares e restaurantes disse ter registrado queda nas vendas sem a música ao vivo, mas que não foi uma queda significativa. “A maioria atribuiu também à situação econômica e financeira do país. Não é porque você não tem música ao vivo no seu negócio que você vai deixar de vender”, disse Tulio Montenegro.