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Asfalto precário complica a circulação em avenida do BuritisCratera deixa rua do Bairro Sagrada Família interditada há mais de três mesesParque das Mangabeiras guarda nascentes e cavernas de acesso restritoPrefeitura de BH fecha trilha na Serra do Curral até segundo semestreEnquanto aguardam uma obra de revitalização completa do espaço, prevista no Orçamento Participativo, os participantes tiveram a ideia de deixar o local mais agradável e, consequentemente, livre de depredações e da criminalidade que incomoda a população.
Na lista de tarefas entraram a pintura de bancos, meio-fio e rodapés, varrição do lixo, limpeza em volta das plantas e outros pequenos consertos.
A iniciativa partiu do comerciante Carlos Bertucio de Araújo Azevedo, de 42 anos, nascido no Ouro Preto. Por meio de um grupo de WhatsApp com 165 pessoas, entre elas militares da PM na região, surgiu a ideia de renovar o espaço, principalmente por conta das depredações constantes e da presença de criminosos.
“A PM se empenhou em melhorar a questão dos crimes e eu fiquei responsável em apontar uma solução para a parte visual. Foi aí que resolvi chamar as pessoas do grupo para ajudar”, revela Carlos, responsável pela pintura dos rodapés da praça na divisão de tarefas feita ontem.
Ele levou até o filho, de 16, para ajudá-lo. O grande objetivo, segundo o comerciante, é manter o espaço de forma a atrair os moradores. “Temos um asilo e uma escola bem aqui na praça. Com um espaço atrativo, eles podem ocupar essa área. Quando a comunidade está presente, a criminalidade sai”, acrescenta Carlos.
O aposentado Armindo Henriques da Silva, de 72, ajudou na varrição e também acompanhou o trabalho dos colegas. “A limpeza traz a civilidade para a praça”, resumiu o morador do Ouro Preto. Antes mesmo de receber o convite feito por Carlos, o funcionário público Ilmar Mendes, de 51, já fazia pequenas ações na praça para cuidar do espaço, depredado por pichações.
Ontem, ele pintava o banheiro usado por funcionários da varrição da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e também o recipiente utilizado para acondicionar os sacos de lixo. As pichações nesses dois equipamentos davam um tom de sujeira à praça.
“Os moradores doaram o material e nós estamos sensibilizando a população para cuidar mais dos espaços públicos e também do verde. É uma coisa simples, mas que se todos fizessem ficaria muito mais fácil. Não podemos só culpar o governo, também temos nosso papel”, diz ele.
EFEITO SOCIAL A atividade é tão prazerosa que Ilmar conseguiu até mesmo ajudar um amigo a sair do alcoolismo com as tarefas na praça. O jardineiro Pedro Dias, de 57 anos, nasceu no bairro e domou o vício quando começou a ajudar Ilmar na manutenção.
“Foi graças a essa atividade que parei de beber e estou assim até hoje. Acho muito importante cuidar do espaço para que todos possam usar”, afirma Pedro.
Aos poucos os moradores vão conseguindo manter um lugar bem cuidado e à disposição da população. Carlos explicou que o grande objetivo é fazer parcerias com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para continuar mantendo a praça bem cuidada. “Agora, estamos negociando para retomar o fornecimento de água, que teve que ser cortado por conta da crise hídrica. Com a água de volta, teremos condições de retomar também a jardinagem. O caminho é esse”, completa.
POLÍCIA MILITAR O tenente André Luiz Pinto da Rocha, que comanda o setor de BH onde está inserido o Bairro Ouro Preto, explica que, normalmente, quando um ambiente se torna degradado ele atrai pessoas mal-intencionadas e por isso fica mais propício ao cometimento de crimes.
“A comunidade nos trouxe a demanda dizendo que tinha vontade de usar mais a praça e a PM levou a ideia de uma revitalização às reuniões comunitárias”, afirma o militar. O tenente ressalta ainda que esse modelo é usado em vários lugares ao redor do mundo.
“Quando a gente consegue melhorar o ambiente, naturalmente a população de bem é atraída e aqueles que procuram o lugar para cometer crimes se afastam”, acrescenta.