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Estado de Minas

Suspeita de morte por febre maculosa não afasta escoteiros de parques de BH

Garoto de 10 anos tinha ido com o grupo ao Parque Ecológico da Pampulha, em 20 agosto, e morreu no último fim de semana com suspeita da doença transmitida pelo carrapato que tem capivaras como hospedeiras


postado em 07/09/2016 10:00 / atualizado em 07/09/2016 14:02

As capivaras da Pampulha, antes uma atração para turistas e frequentadores da região, agora são sinônimo de medo(foto: D.A Press/Estado de Minas)
As capivaras da Pampulha, antes uma atração para turistas e frequentadores da região, agora são sinônimo de medo (foto: D.A Press/Estado de Minas)

Embora o medo, depois da morte de um garoto de 10 anos por suspeita de febre maculosa - doença infecciosa com lesões cutâneas, geralmente transmitida pela picada de um carrapato -, escoteiros do mesmo grupo frequentado pela vítima vão continuar participando de atividades recreativas em parques de Belo Horizonte. “Estão todos apreensivos, mas vamos continuar frequentando os parques de Belo Horizonte normalmente”, informou o diretor institucional da Região Escoteiros de Minas Gerais, Marcos Magno Gomide Vieira.

O garoto T.M.H.C., de 10 anos, tinha ido com o grupo ao Parque Ecológico da Pampulha em 20 agosto, em um sábado, e na sexta-feira da semana passada deu entrada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais com os sintomas da doença. A família suspeita que ele tenha sido picado pelo carrapato estrela, que tem como um dos hospedeiros as capivaras, mamíferos que habitam o entorno da Lagoa da Pampulha, inclusive a área do Parque Ecológico. Dois dias depois de dar entrada no hospital, o menino morreu.

Na atividade de 20 de agosto, 150 crianças estiveram no Parque Ecológico. No domingo passado, quando T.M.H.C. veio a morrer, 200 escoteiros participaram de atividades no Parque Municipal das Mangabeiras, na Região Centro-Sul da capital. “A morte do garoto é um fato novo e teve muita repercussão. Todo mundo está chocado. Pais e crianças estão muito apreensivos, mas vamos continuar frequentando os parques normalmente, mesmo porque os exames ainda não confirmaram se trata realmente de febre maculosa”, disse Marcos. Os pais do garoto morto estão abalados e não querem comentar o assunto, segundo ele.

Há dois anos, exames confirmaram que as capivaras da orla da Lagoa Pampulha tinham sorologia positiva para a bactéria da febre maculosa, a Rickettsia rickettsii, causadora da doença. O garoto que morreu morava na Região de Venda Nova, na capital, e começou a apresentar os sintomas que coincidem com a doença. A notícia da morte dele se espalhou pelo aplicativo WhatsApp, o que gerou receio entre moradores e visitantes da orla.

A prefeitura informou que apura se a morte foi provocada pela bactéria e que recomendou cuidados gerais para passeios em áreas com vegetação. No entanto, descartou necessidade de suspender visitas ao Parque Ecológico da Pampulha.

A morte da criança é investigada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), que faz testes em material biológico coletado do menino (sangue e líquido cefalorraquidiano). Apesar de a apuração sobre a morte ainda estar incompleta e depender do resultado da Funed, constam na ficha da criança, no hospital, que ele teve contato com capivaras, cães e gato (hospedeiros da bactéria), e esteve em área com vegetação, que serve de hábitat para os carrapatos.

O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), divulgou nota informando que o menor T.M.H.C. deu entrada no seu Centro de Terapia Intensiva (CTI) no último dia 2, falecendo dois dias depois. “O quadro da criança era de febre hemorrágica, que engloba uma série de doenças virais que cursam com quadros de febre e hemorragia, entre elas a dengue e a febre maculosa”, diz a nota.
Em casos como esse, segundo o hospital, o seu Núcleo de Epidemiologia (NEPI) adota o protocolo de notificar a Secretaria Municipal de Belo Horizonte e coletar e enviar material para exames para a Fundação Ezequiel Dias (FUNED), onde a sorologia é feita. Ambos os procedimentos já foram realizados.


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