Jornal Estado de Minas

Restauração da igrejinha da Pampulha começa em novembro

Depois do título, obras e definição de projetos. Sete meses de muita expectativa deverão terminar em novembro com o início da restauração da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte, monumento que integra o conjunto moderno reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). De acordo com a Fundação Municipal de Cultura (FMC), o dinheiro está em caixa. “Foi feita a licitação, escolhida a empresa responsável e os recursos de R$ 1,7 milhão, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, estão na conta da PBH”, informou, ontem, o presidente da FMC, Leônidas Oliveira.

O patrimônio da Pampulha já exibe obra em andamento, como o mirante em frente da Casa Kubitschek, imóvel com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), paisagismo de Burle Marx (1909-1994) e antes usada como residência de fim de semana do ex-prefeito de BH Juscelino Kubitschek (1902-1976). Ponto polêmico nessa história, o Iate Tênis Clube, também projeto de Niemeyer, terá que apresentar até o dia 15 a proposta de restauro da sede, joia do conjunto moderno erguido na década de 1940. Interligando as construções está a lagoa, cuja despoluição desafia as autoridades e ganhou sucessivas datas de limpeza completa. A última é de que, até o fim do ano, as águas estejam na classe 3 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), permitindo a prática de esportes náuticos.

Educativo

As obras na Igreja da Pampulha deveriam ter começado em fevereiro, mas o início do serviço, que será administrado pela Sudecap/PBH, esbarrou na agenda de casamentos – na época, conforme matéria publicada no Estado de Minas em dezembro de 2015, havia mais de 200 matrimônios na lista.

“Não será possível esperar mais, pois logo vão começar as chuvas, o que poderá comprometer a estrutura da igrejinha”, disse Leônidas com preocupação. Outro problema é que os recursos deverão ser usados ainda neste ano, sob pena de retornarem aos cofres federais.

“Nosso objetivo é manter um projeto educativo durante toda a obra, com duração de 12 meses, para que as pessoas continuem visitando o local e conheçam o processo de preservação do bem”, afirmou.

Tombado pela União, estado e município, o templo traz as marcas das infiltrações na parte interna, além da queda de reboco na marquise e muita sujeira nas pastilhas externas. No jardim, espécies invasadoras tomam conta do gramado e flores no jardim planejado pelo paisagista Burle Marx. Outros problemas embaçam o cartão-postal: falhas na calçada de pedras portuguesas; desprendimento, perto da torre, de parte da pintura, dando o aspecto de desleixo; e marcas escuras, de alto a baixo, no revestimento de madeira interno, fruto das águas que entram pelas juntas de dilatação da estrutura abobadada.

A coordenadora do Memorial Arquidiocesano, vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte, Maria Goretti Gabrich Fonseca Freire Ramos, informa que será marcada uma reunião com todos os órgãos envolvidos para definição das providências a serem tomadas. Enquanto a obra na Igreja de São Francisco de Assis não deslancha, a PBH, com recursos do programa Adote um bem cultural, leva adiante a recuperação do Mirante Bandeirantes, localizado na Avenida Otacílio Negrão de Lima, em frente da Casa Kubitschek. A previsão é de que até o fim do mês o espaço fique livre dos tapumes e receba moradores e visitantes para a contemplação do espelho d’água e construções modernas.

Iate cumpre determinações do MPMG

Compromisso firmado, medidas em andamento. O presidente do Iate Tênis Clube, José Carlos Paranhos de Araújo, informou, ontem, que estão sendo tomadas todas as providências estipuladas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para recuperação da sede. A principal delas é um levantamento completo da construção, conduzido pelo professor de arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Flávio Carsalade, que coordena cinco engenheiros.

“Vamos cuidar, em primeiro lugar, do projeto de restauração da sede do Iate”, disse Carsalade, que foi o coordenador técnico do dossiê sobre a Pampulha, apresentado, em 2014, à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A equipe avalia os projetos hidráulicos, arquitetônico, elétrico e fará o orçamento da obra. “Vamos cumprir o que foi determinado pelo Ministério Público.” Em fevereiro, o clube foi desapropriado pela PBH.

Na reunião realizada em 26 de agosto, a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, Lílian Marotta, deu prazo de 20 dias para que o clube apresente proposta de recuperação da sede, que tem como um dos destaques o Salão Portinari, com quadros de Cândido Portinari (1903-1962). Um dos pontos mais polêmicos sobre o Iate – demolição do anexo de 4 mil metros quadrados, que se não for feita levará a Pampulha à perda do título de Patrimônio Cultural da Humanidade em três anos – ainda não teve decisão. Segundo o MPMG, será feita uma avaliação sobre a questão, especialmente em relação à documentação de propriedade do empreendimento, que pertencia ao poder público municipal e, em 1960, se tornou privado.

Despoluição

Em março, a PBH iniciou os trabalhos de recuperação da qualidade da água do reservatório e a análise das primeiras amostragens, feitas em abril e em maio, demonstrou que os três primeiros meses de trabalho deram bons resultados. Segundo as autoridades, foi verificada redução nos parâmetros estabelecidos para a avaliação, como o DBO (indicador de presença de matéria orgânica), coliformes termotolerantes (indicador de presença de micro-organismos patogênicos), clorofila-A e fósforo total. Nos três parâmetros avaliados, foram obtidos valores que já atendem às exigências de classe 3.

O objetivo é livrar a lagoa de florações de algas, de mau cheiro e da mortandade de peixes, enquadrando-a na classe 3, conforme normatização do Conama. Com investimento de cerca de R$ 30 milhões, o serviço integra o Programa Pampulha Viva, financiado pelo município junto ao Banco do Brasil e ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), e conta, também, com recursos da Copasa.

Para resolver a questão do esgoto, a Copasa constrói mais 13 quilômetros de redes coletoras de resíduos, que serão interligadas a 10 mil imóveis na bacia da Pampulha. As redes serão implantadas em 46 endereços de Contagem, na Grande BH, e em outros oito pontos na capital, ao longo dos córregos Ressaca e Sarandi.

Finalizados os 13 quilômetros de obra, o que deve ocorrer em junho de 2017, a Copasa chegará a 95% de captação do esgoto produzido na Bacia da Pampulha.

 

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