Em busca de respostas para o espancamento de um estudante de medicina ocorrido na madrugada da última quarta-feira, em frente à casa de eventos Hangar 677, no Bairro Olhos D’água (Barreiro), em Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais volta a ouvir, nos próximos dias, jovens citados na ocorrência policial, acusados de participação no caso. Um deles, entrevistado ontem pelo Estado de Minas, nega que tenha participado da agressão contra Henrique Figueiredo Papini de Moraes, de 22 anos, que precisou ser internado depois de sofrer traumatismos craniano e de face, além de sangramento no ouvido e lesões pelo corpo. “Não encostei a mão nele”, conta o jovem, que prefere não se identificar.
Nesse momento, segundo o rapaz, a vítima estava com outros dois jovens. “Aí, o Rafael já foi para cima deles, de uma vez. Chegou socando o Henrique e um amigo dele. A única reação que eu tive foi ver o que estava acontecendo com o meu amigo, já que ele estava indo para cima de três caras. Fiquei do lado, olhando, assustado. Não bati, não dei um soco, não encostei um dedo nele”, lembra. O jovem afirmou que quatro horas após a briga na porta da casa de eventos Hangar, policiais civis estiveram na casa dele em busca de informações sobre o ocorrido. “Prestei todos os esclarecimentos. Contei tudo e mostrei que não tinha uma marca em meu corpo que mostrasse que eu havia brigado. Não tinha um hematoma. Ofereci-me para fazer exame de corpo de delito e a polícia disse que não era necessário”, ressalta.
DESAPROVA Sobre o comportamento do amigo, o rapaz confessou que desaprova o que ele fez. “Acho muito errado o que o Rafael fez com o rapaz. Não vou ‘passar a mão’ na cabeça dele.” E reclamou de ter sido acusado. “Agora, estão me culpando. É muito complicado as pessoas julgarem e ficarem ‘martelando’ quem não fez nada”, afirma.
Enquanto a apuração policial é feita, Henrique recebeu alta do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Biocor, em Nova Lima, para onde foi levado após a agressão. A mãe dele, a dentista Andrea Moraes, de 54, diz que espera a Justiça dos homens e também a de Deus, ao se referir sobre o que ocorreu com o filho. Ela diz que Henrique está bem e que, depois de ter passado pelo espancamento, sobreviveu por um milagre. “Ele vai voltar a estudar e ter uma vida normal. Os que cometeram o crime pagarão por isso e não terão uma vida normal nunca mais. Há a justiça divina”, afirma. Andrea reforçou que o carinho dos amigos de Papini, com mensagens na rede social, é de extrema importância para a recuperação dele.
O Estado de Minas tentou contato telefônico em casa e no celular de Rafael Batista Bicalho, mas ninguém atendeu às ligações.
“Nunca esperaríamos receber, de madrugada, a notícia de que nosso caçula estava envolvido em uma briga e, portanto, hospitalizado. Dele não. Que é um menino do bem, da paz, de muitos amigos e de nenhum inimigo. O Henrique nunca gostou de brigar. Nunca imaginaríamos que ‘seres humanos’ pudessem ter a coragem de fazer o que fizeram com ele, com tamanha brutalidade e covardia... Foi um susto, e esta semana foi um pesadelo para nós. Mas que, com a graça de Deus, está chegando ao fim... Meu coração agora bate aliviado: ESTAMOS DE ALTA! Meu irmãozinho está em casa! E vamos recuperar com força total para que ele, brevemente, retorne às atividades com tudo. Continuem orando e nos transmitindo essa energia maravilhosa...quanto aos agressores, só queremos justiça. Nada além disso! E torcemos para que eles consigam conviver com essa culpa, o que não deve ser fácil.”
* Depoimento escrito pela irmã de Henrique Papini, Fernanda Papini, em sua página no Facebook