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Estado de Minas

Projetos tentam divulgar Parque Serra do Curral, ainda pouco visitado

Ainda pouco visitado pelos belo-horizontinos, Parque Serra do Curral completa quatro anos com atividades festivas e reforça projetos para atrair visitantes aos fins de semana


12/09/2016 06:00 - atualizado 12/09/2016 08:30

Ioga gratuita aos domingos fica ainda mais prazerosa diante do cenário da serra. Ontem, cerca de 1,2 mil pessoas participaram da atividade
Ioga gratuita aos domingos fica ainda mais prazerosa diante do cenário da serra. Ontem, cerca de 1,2 mil pessoas participaram da atividade (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Ele foi esperado em Belo Horizonte por mais de 20 anos. Em 2012, enfim, foi inaugurado como a promessa de um novo espaço de área verde da capital e atrativo turístico. No entanto, no quarto ano de aniversário do Parque Serra do Curral, na Região Centro-Sul, o lugar, no qual foram investidos R$ 2, 2 milhões em infraestrutura, é pouco visitado pelos belo-horizontinos. Com cerca de 100 visitas diárias e 700 nos fins de semana, o parque ainda é desconhecido por moradores da cidade e tem capacidade para receber o triplo de visitantes que hoje passam por ali. Para fazer dele uma unidade de conservação mais conhecida em BH, vários projetos estão se unindo para organizar atividades gratuitas de interesse público. Ontem, cerca de 1,2 mil pessoas participaram de aulas de ioga, apreciariam comida orgânica e aprenderam sobre a importância da preservação ambiental e o consumo consciente.


O Parque Sustentável – projeto que tem ocupado a área verde com atividades atraentes para crianças e adultos aos fins de semana – é feito pelos grupos Kasakh e Eco Encontro, em parceria com a Fundação Municipal de Parques de BH. De acordo com o responsável pelo Kasakh, o biólogo Guydo Horta, o Serra do Curral é um local “sensacional, mas pouco utilizado pela população”. Por isso, mensalmente, eles têm procurado atrair o público para lá com atividades gratuitas. “Nosso objetivo é, além de trazer mais gente para conhecer esse local da capital, trabalhar a consciência ambiental com o público”, comenta Horta.

Ontem pela manhã, foram realizadas aulas de ioga sobre a grama verde da entrada do parque, exposições fotográficas de espécies de plantas de Serra Branca, feira de comida orgânica e mostra de animais peçonhentos. “É a terceira vez que venho ao parque. Saio da Pampulha só para curtir as aulas de ioga que são oferecidas nas manhãs de domingo. A sensação é muito boa. Infelizmente, poucas pessoas conhecem este lugar”, afirmou a estudante Melina Cunha, de 18 anos.

COBRAS Uma das atividades que mais chamou a atenção das famílias que foram ao parque ontem foi a presença das serpentes e aracnídeos, levados pelo sargento da Polícia Militar Antônio Araújo. Ele contou que, há mais de 20 anos, começou um trabalho de preservação dos animais no quartel da PM, para o qual foi submetido a treinamentos. Atualmente, ele tem um plantel particular, que cuida desses bichos e atende, inclusive, à polícia ambiental. Ontem, Araújo levou para o parque uma cobra albina, pesando 25 quilos e com três metros de comprimento. Como é domesticada, o público pôde carregá-la e tirar fotos, inclusive, com as outras espécies (também domesticadas). “Essas não picam ninguém, mas é importante termos o contato com elas para que possamos respeitá-las”, ensinou o sargento.

A psicanalista Marcela Gasparini diz que sempre vai ao parque, porque foi ali que jogou as cinzas do seu marido, há três anos. “Em qualquer lugar que você estiver em BH, você enxerga a serra. Ela é especial.” Ontem, ela se divertia com as serpentes. O filho de Marcela, Gabriel, de 10, contou que tem medo desse tipo de bicho, mas que tem aprendido sobre eles.

'Em qualquer lugar que você estiver em BH, você enxerga a serra. Ela é especial' - Marcela Gasparini, psicanalista, com o filho Gabriel. Eles se divertiam comas serpentes ontem
"Em qualquer lugar que você estiver em BH, você enxerga a serra. Ela é especial" - Marcela Gasparini, psicanalista, com o filho Gabriel. Eles se divertiam comas serpentes ontem (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
De acordo com a assistente administrativa do parque Eliana Araújo, a quantidade de visitantes vem crescendo aos poucos. “Nesses quatro anos, temos muito o que comemorar, porque, com o parque, conseguimos acabar com as queimadas, que antes eram constantes. A última que chegou até a Serra do Curral foi em 2011. Desde 2012 não registramos mais nenhum e, como há estrutura, não há mais invasões e as pessoas não se perdem pelas trilhas daqui, como ocorria antes da abertura do parque”, avalia.

ALIMENTAÇÃO Com as atividades mensais, o local tem recebido eventos inéditos. Ontem, por exemplo, a feira de produtos orgânicos ocorreu pela primeira vez por ali e, segundo quem participou, é uma atração que deveria ser constante. “Nunca tinha vindo neste parque e estou surpreso com tanta beleza. As atividades que vinham sendo realizadas aqui não estavam oferecendo comida. Então, o Kasakh nos convidou e muitos produtores estão satisfeitos de estar aqui”, comentou Marcus Rossi, dono da marca de massas orgânicas Pasta Rossi. Segundo outro produtor, Gabriel Leite, que faz pães orgânicos, a expectativa é de que a feira seja realizada uma vez por mês.

SEM PREVISÃO Em abril, a trilha Travessia da Serra, principal atrativo da unidade de conservação, foi interditada por causa da instabilidade no maciço rochoso causada pela mineração da Vale na região. A previsão era de que a trilha fosse reaberta neste segundo semestre, mas, segundo administradores do parque, não há data definida. Desde a inauguração, em setembro de 2012, este é o terceiro impedimento na unidade. No início de 2013, menos de seis meses depois da abertura, os frequentadores perderam a possibilidade de percorrer o caminho completo da serra.

A Fundação Municipal de Parques disse que é necessário fazer vistorias e estudos de segurança em todo o percurso, de 2.220 metros, entre os mirantes três e oito. O restante da trilha, que inclui a passagem pelos mirantes nove e 10, e vai até o Parque das Mangabeiras, tem previsão de reabertura apenas em 2017, quando serão concluídas obras, conduzidas pela Vale, para a contenção da serra.


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