As ações na Pampulha vão começar no início da manhã. Agentes da Secretaria Municipal de Saúde e a Gerência de Zoonoses da regional vão visitar o Parque Ecológico para monitorar, além dos nove pontos de rotina onde já estão sendo feitos os estudos, outros 10 locais. Na sexta-feira, os trabalhos ocorrerão em 11 áreas: três próximas à Igreja de São Francisco de Assis, três perto do Museu de Arte, duas próximas à Praça de Iemanjá, e outras três ao longo da orla.
Os carrapatos recolhidos serão enviados para análise, para saber se são da espécie que transmite a maculosa. Os resultados serão essenciais para saber se há a necessidade de aplicação de carrapaticida, além da restrição de acesso ao público aos locais eventualmente infestados.
O encontro de ontem foi o segundo intersetorial para discutir a situação da febre maculosa em Belo Horizonte. A discussão voltou à tona depois da confirmação de que um menino de 10 anos morreu com a doença depois de visitar o Parque Ecológico. Outros dois casos de moradores da capital mineira, um da Região Nordeste e outro da Pampulha, são investigados. Os pacientes tiveram contatos com cavalos, mas não no entorno da lagoa.
De acordo com a promotora Líllian Marota, da Promotoria de Meio Ambiente, a retirada das capivaras do entorno da lagoa foi discutida na reunião de ontem. Porém, segundo ela, outros animais que vivem na região também deveriam ser remanejados. “Temos capivaras, cavalos, cães, gatos... Há toda uma fauna que habita a região da Pampulha que precisa ser considerada na elaboração do plano de manejo. A proteção em relação ao carrapato não pode ser concentrada em um único animal, ou não estamos resolvendo um problema de saúde pública”, completou. Novo encontro do grupo está marcado para 6 de outubro.
NOVAS SUSPEITAS Ao todo, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), referência regional em febre maculosa, examina 15 casos suspeitos da doença, 10 deles de Minas e cinco de outros estados, mas as origens de cada um não são reveladas. Em território mineiro, foram registrados este ano oito diagnósticos da doença, sendo que metade resultou em morte. Nos últimos oito anos, 109 pessoas contraíram a doença, sendo que 46 não resistiram, uma taxa de letalidade de 42,2%. O ano com o maior número de casos foi 2008, quando 20 pessoas se infectaram e 10 delas morreram.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estêvão Urbano, considera ser necessário ficar atento ao resultado dos casos investigados pela Funed. Caso haja confirmações nos casos de Belo Horizonte, ele lembra que a situação se confirmará como mais grave do que se imaginava.