Maria Cristina foi ouvida como testemunha de acusação. “Basicamente, confirmou os três depoimentos anteriores que ela já tinha prestado. Do conhecimento da Sudecap acerca de falhas de projeto, da negativa da autarquia em promover uma revisão dos projetos mediante formação de uma comissão”, informou o promotor Marcelo Mattar Diniz, coordenador das Promotorias Criminais do Estado. “Caminha no sentido do que está escrito na denúncia, mas isso vai se desenvolver com a oitiva de inúmeras testemunhas. São mais de 100 no total”, diz.
A expectativa é de que durante as audiências sejam ouvidas 34 testemunhas de acusação, 77 de defesa e 21 vítimas. Segundo o promotor, toda as vítimas devem ser ouvidas ainda hoje. “Nós temos familiares das vítimas que morreram na queda do viaduto, e temos as vítimas que sofreram lesões, que são passageiros do ônibus e operários da Cowan que faziam parte da obra no momento do desabamento”.
Segundo o promotor, os passageiros do suplementar da linha 70, atingido pelo viaduto, foram unânimes ao dizer que tiveram as vidas salvas pela motorista Hanna Cristina Santos, de 24 anos, que conseguiu frear o veículo, de modo que somente a parte dianteira foi atingida. Ela ainda conseguiu proteger a filha, de 5 anos, mas acabou morrendo no local. A outra morte registrada no local é a de Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25 anos, seguia em um Fiat Uno ao lado do ônibus. O veículo foi esmagado pela estrutura de concreto.
Uma nova audiência foi marcada para 7 de outubro. “Vamos ouvir todas as pessoas remanescentes, até onde for possível, e assim faremos até esgotar doda a prova”, explicou Marcelo Mattar.
Ainda de acordo com o promotor, Maria Cristina Novais deve ser ouvida novamente na audiência de outubro, por ser testemunha importante para o acusado Cláudio Marcos Neto, diretor de Obras da Sudecap. Ele não compareceu à sessão desta sexta porque, segundo o promotor, houve um erro em sua intimação. José Lauro Nogueira Terror, secretário de Obras e Infraestrutura na época do desastre, e Omar Oscar Salazar Lara, engenheiro calculista da Cowan, também não compareceram, este último porque está fora do país. A audiência das 77 testemunhas de defesa ainda não tem data definida.
Advogados da Cowan e Consol falam sobre a defesa. Veja a reportagem da TV Alterosa
Onze pessoas foram indiciadas pela queda do Viaduto Batalha dos Guararapes. Elas são acusadas pelo Ministério Público de causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de terceiros, na modalidade culposa (não intencional), qualificado por lesões corporais graves e morte, com o agravante de haver duas mortes e 21 feridos. A pena maáxima é de 12 anos para cada envolvido.