Enquanto Belo Horizonte volta suas atenções para o excesso de água trazido pela estação chuvosa, no Norte do estado o desafio continua sendo a seca. Mas, da mesma forma, a solução pode estar em intervenções para recuperar ou minimizar os impactos da ocupação humana. O resgate de áreas verdes, o combate ao desperdício, a construção de barraginhas, a cobrança pelo uso da água de grandes consumidores, como indústrias, são algumas das soluções apontadas por especialistas para amenizar o problema do desaparecimento de nascentes e secamento de rios em Minas Gerais. Como revelou reportagem especial “Mortos de Sede”, publicada pelo Estado de Minas no domingo, estudo demonstra que no Norte do estado cerca de 500 rios e córregos pararam de ocorrer, problema que ocorre também em outras regiões mineiras, como a área próxima à nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra.
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Degradação ambiental seca nascentes e rios de Minas, amplia a estiagem e abate gado e lavouraInundações evidenciam danos da urbanização que sepultou córregos em BHSurpreendidos pelo último temporal, moradores de BH contam como enfrentam inundaçõesO técnico em meio ambiente e recursos hídricos José Ponciano Neto afirma que os mananciais de Bocaiuva e do município vizinho de Guaraciama chegaram ao “ponto mais crítico da história”, o que, segundo ele, é consequência da degradação ambiental. “Atribuo essa situação à grande plantação de eucalipto na Serra do Espinhaço e às perfurações desordenadas de poços profundos na área de recarga de aquíferos”, diz o técnico, lembrando que órgãos ambientais estão sucateados. “Não é só o Ribeirão do Onça, outros rios da região, como o Verde Grande, o Jequitaí, o Pacuí e o São Lamberto sofrem com o mesmo problema”, acrescenta.
O professor Guilherme Guimarães Oliveira, do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que o secamento das nascentes resulta da má relação do homem com a natureza. “Ao longo dos anos, assistimos ao uso errado dos recursos hídricos, não somente no aspecto do consumo humano, mas sobretudo, pelo uso da água pelas grandes indústrias.” Sempre retiramos água dos mananciais, mas não existem investimentos na recuperação dessas fontes”, observa.
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