
Na verdade, a peça é fruto da iniciativa da 3D Lopes, empresa especializada em prototipagem rápida, mas com o foco original de desenvolver o chamado plástico verde, que seria fabricado a partir do filamento da cana-de-açúcar. Se der certo, o processo promete reduzir em até 20% os custos para o emprego da matéria-prima importada dos Estados Unidos, fabricada atualmente a partir do milho. “Como o polietileno verde vem de fonte renovável da cana-de-açúcar, a proposta é ficar menos dependentes do petróleo”, explica. Em seu mestrado no Ita, em dois anos e meio de estudos, Daniel Lopes iniciou o desenvolvimento do polietileno verde, em parceria com a empresa Braskem, para impressão 3D.

A semente do projeto surgiu de um encontro inusitado. “Meus pais encontraram com a criança e a mãe dela no supermercado, em Belo Horizonte. Eles disseram à mãe que a minha empresa trabalhava com impressoras 3D e que seria possível fabricar uma prótese para ela assim” conta Daniel, encantado. Ao longo da história, a menina revelou para a mãe ter o sonho de andar de bicicleta. “Por enquanto, a mãe deixa ela ir treinando segurando o patinete”, diz ele.
Bioplástico feito de álcool de milho
A prótese desenvolvida por Daniel Lopes é feita de PLA (poliácido lático), um bioplástico feito a partir da extração do álcool do milho que, além disso, é mais forte e mais leve que o plástico comum. A peça é baseada no Hit Arm, iniciativa criada nos Estados Unidos para popularizar e dar acesso a projetos de próteses gratuitamente. Com menor custo de produção, por usar a impressora 3D, a ideia é que crianças beneficiadas troquem de peça uma vez por ano devido ao seu crescimento. “Se acrescentasse custos de mão de obra e material, cada prótese como essa sairia por volta de R$ 5 mil reais. Hoje, uma peça convencional custa entre R$ 12 mil a R$ 20 mil,” calcula Daniel.