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Não bastassem problemas na impermeabilização do solo eas canalizações dos cursos d’água, obras que poderiam minimizar os problemas tiveram prazos de conclusão prorrogados, como o complexo da Avenida Várzea da Palma, a segunda etapa da Bacia do Córrego Santa Terezinha e o Córrego do Túnel (veja quadro). A obra do Córrego São Francisco, na Avenida Assis das Chagas, prevista para o segundo semestre do ano que vem, está paralisada desde abril.
Somados esses fatores, a qualquer precipitação áreas da cidade sofrem, como voltou a ocorrer no entorno da Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, Região Oeste, e da Avenida Cristiano Machado, na Região Nordeste. No último temporal, a força da água foi tanta nesses locais que veículos foram arrastados, calçadas ficaram encobertas e pedestres tiveram de se abrigar dentro de estabelecimentos.
De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), com o crescimento urbano desordenado, parcelas do solo que deveriam permitir a infiltração da água foram impermeabilizadas. Além das intervenções que ao longo dos anos alteraram as características naturais dos cursos d’água, o maior problema enfrentado pela administração municipal é o lançamento de resíduos sólidos nas estruturas de drenagem urbana, como bocas de lobo.
BATALHA O coordenador do Projeto Manuelzão, de recuperação da bacia do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, afirma que a política ambiental da capital voltada para a gestão das águas precisa ser revista. “A cidade ora tem problema com a falta d’água, ora com a falta de estrutura para receber as chuvas, o que resulta em danos e perdas para todo mundo”, avalia.
Polignano afirma ainda que é necessário redobrar a atenção em relação aos dois terços de cursos d’água da capital que ainda não foram canalizados. “Se a cidade transforma o córrego em avenida, não pode se espantar quando a avenida vira córrego. As obras não levam em conta o traçado da natureza. Nessa briga, vamos sempre perder”, afirma. O especialista lembra ainda que há cidades como Seul, na Coreia do Sul, que reverteram processos de canalização dos córregos.