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Estado de Minas

Chuva forte de hoje a quinta-feita põe Belo Horizonte à prova

Meteorologia lança aviso sobre possibilidade de tempestade até a quinta-feira em BH. Ameaça coincide com sobrecarga no sistema de drenagem causada pelo lixo eleitoral


postado em 04/10/2016 06:00 / atualizado em 04/10/2016 07:39

Diante do alarme disparado pela previsão do tempo, agentes da Superintendência de Limpeza Urbana intensificaram a limpeza de galerias, especialmente em pontos críticos da cidade, como a Avenida Francisco Sá (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Diante do alarme disparado pela previsão do tempo, agentes da Superintendência de Limpeza Urbana intensificaram a limpeza de galerias, especialmente em pontos críticos da cidade, como a Avenida Francisco Sá (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Com a chegada da temporada de chuvas, Belo Horizonte esconde debaixo de suas principais vias uma grande ameaça. São as galerias de leitos fluviais e redes de escoamento pluvial, muitas delas já subdimensionadas e em sua maioria entupidas de lixo. De acordo com Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), todo mês são retiradas 400 toneladas de resíduos das mais de 60 mil grades de proteção dos bueiros da cidade. Com as eleições do domingo, esse quadro piorou, devido ao material de propaganda atirado nas ruas. O nível de alerta sobe ainda mais diante de um aviso da meteorologia: entre hoje e quinta-feira há previsão de temporal, com ventos fortes e chuvas de até 100 milímetros na capital.


Diante do alerta, equipes da SLU se empenharam ontem na retirada de resíduos das bocas de lobo e das galerias. Uma das vias que mereceram especial atenção foi a Avenida Francisco Sá, que fica sobre o Córrego dos Pintos, no Prado, Região Oeste de BH. Na noite de 25 de setembro, apesar de um volume pluviométrico abaixo de 50 milímetros, em pouco tempo a avenida foi inundada, com imóveis invadidos, além de carros e até caçambas de entulho arrastados pelas águas. Ontem, agentes de limpeza atuaram em vários pontos da região.

Sem orçamento para obras de ampliação da capacidade dessas galerias e com outras ainda em andamento, a principal prevenção da administração pública contra as enchentes é a limpeza dos canais. Em outubro do ano passado, foram retiradas 400 toneladas de lixo e entulho do Córrego Acaba Mundo, que passa sob a Avenida Uruguai, na Região Centro-Sul de BH. Em meio ao material havia 12 carrinhos de supermercado, sofás, carcaças de geladeira e máquina de lavar roupas. A providência, porém, vem se revelando insuficiente diante de um quadro de crescente impermeabilização do solo na capital, que aumenta o volume a ser drenado .

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Em junho deste ano, a PBH comemorou a chegada de R$ 270 milhões para aplicar em intervenções visando à prevenção de inundações na capital. Porém, o dinheiro foi suficiente apenas para obras nos córregos Pampulha e do Onça, minimizando enchentes na Avenida Cristiano Machado, nas regiões Norte e Nordeste de BH. Córregos como o dos Pintos, sob a Francisco Sá, e Cachoeirinha, na Avenida Bernardo de Vasconcelos, Nordeste da cidade, não foram contemplados e são áreas a serem evitadas diante da possibilidade de temporal.

ENXUGANDO GELO Na corrida para minimizar os impactos das chuvas, somente este ano as equipes da Superintendência de Limpeza Urbana devem retirar 5 mil toneladas de resíduos em bocas de lobo da capital. De acordo com a SLU, é um trabalho rotineiro e diário. Antes dos períodos chuvosos são realizadas vistorias em conjunto com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) em locais onde há previsão de pancadas fortes. Com isso, a limpeza é reforçada nessas áreas, inclusive o cuidado com os bueiros e outras estruturas de drenagem.

Entre os materiais comuns nas grades de proteção dos bueiros estão plástico, garrafa, papel, vidro, terra e guimbas de cigarro. E, neste período da primavera, há ainda folhas de árvores. A SLU aponta que ações simples de cidadãos, como evitar jogar lixo ou entulho em vias públicas, córregos, lotes vagos e encostas, podem contribuir em muito para minimizar as inundações. Outra atitude que pode evitar enchentes é de não deixar lixo exposto fora do dia da coleta.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


Transtorno e lagoas baixas


De hoje até a quinta-feira, Belo Horizonte conviverá com a ameaça de temporais com volumes acumulados que podem ficar entre 70 e 100 milímetros em BH e cidades vizinhas da região metropolitana. Os temporais devem ser acompanhados por descargas elétricas e ventos que podem superar os 60km/h. “Os moradores de áreas de risco devem tomar cuidado”, alerta Heriberto dos Anjos, do Instituto PUC Minas TempoClima. Além da Grande BH, cidades das regiões Sul, Zona da Mata, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Nordeste de Minas também podem ter chuvas fortes.

Este ano, o período chuvoso começou em setembro e a capital teve chuva acima da média histórica para o mês. Na estação do Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul, o acumulado foi de 65,4 milímetros (mm) de precipitação, sendo que a média é de 40,5 mm. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado total de setembro foi registrado em apenas cinco dias de chuvas. A mais forte aconteceu em 25 do mês passado, quando a capital mineira teve, em poucas horas, 44,1mm.

Mesmo assim, o Sistema Paraopeba, responsável pelo abastecimento de grande parte da região metropolitana, teve queda no período. Dados divulgados pela Copasa mostram que em 3 de setembro o complexo de três reservatórios estava com 55,7% de sua capacidade total. Com o passar dos dias, foi caindo, aproximadamente um ponto percentual, em média, até chegar na segunda-feira a 53,8%.

A represa de Rio Manso, a maior do sistema, estava com 74,9% de sua capacidade em 3 de setembro. Ontem chegou a 73,2%. O lago de Serra Azul iniciou o período com 31,5% e chegou a 29,7%. Já o reservatório de Vargem das Flores começou com 37,1% e caiu para 34,2%. A chuva chegou a trazer um alívio para o Rio das Velhas, onde é feita a captação para o restante da Grande BH, mas a situação continua preocupante. A vazão do manancial ontem foi de 11,8 metros cúbicos por segundo. Na última semana, atingiu 77,1m3/s, devido ao temporal na capital mineira.

De acordo com o meteorologista Heriberto dos Anjos, a recuperação dos reservatórios depende de uma sequência maior de chuvas. “Estamos vindo de uma sequência de três a quatro meses de período seco, com eventuais períodos de chuva. A partir de agora, a previsão é de que aumente a precipitação”, explicou o especialista.

Nove dias de mistério

O mistério em torno do sumiço do motorista de ônibus Wanderley Silva de Freitas, de 45 anos, levado pelas águas de um córrego no temporal de 24 de setembro, chega ao nono dia. Ele desapareceu na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. O trabalho de varredura em busca de vestígios da vítima é mantido pelo Corpo de Bombeiros e prossegue pelo Rio das Velhas, chegando a Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, com um barco, em direção à cidade de Jaboticatubas.


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