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Estado de Minas

Novo acidente com árvore expões falta de controle da vegetação urbana em BH

Novo acidente com espécime de grande porte em BH, cinco anos depois da morte de mulher no Parque Municipal, mostra que o risco de queda continua de pé


postado em 12/10/2016 06:00 / atualizado em 12/10/2016 07:24

Paineira que caiu por pouco não atingiu pedestres e carro. Prefeitura diz que problema não era previsível(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Paineira que caiu por pouco não atingiu pedestres e carro. Prefeitura diz que problema não era previsível (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A queda de uma árvore de grande porte na manhã de ontem na Praça Hugo Werneck, em plena Região Hospitalar de Belo Horizonte, chama a atenção para o risco que a população continua correndo na capital, cinco anos depois que um acidente semelhante matou uma pessoa no Parque Municipal, no Centro da cidade. Apesar de anos de promessas, a Prefeitura de BH ainda não dispõe de um levantamento mais profundo sobre a saúde das 485 mil árvores existentes em ruas e avenidas da cidade, e que se tornam uma ameaça ainda maior nesta estação de tempestades. A Regional Centro-Sul confirmou que a paineira centenária que caiu ontem estava comprometida, e que o problema somente foi detectado depois que o tronco foi ao chão, quase atingindo um dos carros que passavam pelo local. Segundo a administração municipal, o episódio ocorreu “em decorrência da deterioração de duas grandes raízes de sustentação,  danificadas por ataques de insetos e micro-organismos, comprometendo a capacidade de suportar o peso da copa”.

A chegada do período chuvoso agrava o risco de incidentes semelhantes, já que galhos e troncos ficam mais pesados e o solo, encharcado pelo acúmulo de água. Em janeiro de 2011, também na estação das águas, a secretária aposentada Maria de Fátima Ferreira, de 57 anos, morreu depois de ser atingida por uma árvore de grande porte cuja raiz estava infestada de cupins no Parque Municipal, onde a vítima caminhava. Um grupo percebeu que a árvore estava caindo e avisou a mulher, que tentou correr, mas foi atingida pelo tronco de um jatobá de 20 metros de altura. Depois do acidente, a prefeitura começou a vistoriar as 3,7 mil espécies do parque e 236 doentes ou infectadas foram cortadas.
Durante anos, ambientalistas e moradores reivindicaram da Prefeitura de BH um inventário das árvores urbanas. Em dezembro de 2009, foi assinado um convênio entre o município e a Cemig para elaboração do levantamento, com conclusão prevista para 2011, o que não ocorreu. Além de mapear os tipos de árvores, o trabalho prometia informações sobre as condições, doenças e outros problemas das plantas.

Em agosto de 2013, a PBH divulgou balanço parcial do inventário. Na época, 170 mil espécimes já haviam sido catalogadas e a murta (Murraya exotica L.) e sibipiruna (Caesalpina peltophoroides benth) predominavam em ruas e avenidas das regiões Oeste, Leste e Noroeste da cidade. A prefeitura informou que o levantamento original catalogou 300 mil árvores, em um convênio com a Cemig e a Universidade Federal de Lavras, mas apurou-se depois haver mais 185 mil que não foram alcançadas pelo levantamento. Segundo o município, será feita nova licitação para concluir o mapeamento. A nova promessa de conclusão é para 2017.

Ainda de acordo com a PBH, o objetivo do inventário é planejar o manejo da arborização urbana em logradouros públicos da capital, não incluindo árvores de 75 parques e reservas ecológicas particulares. A análise do estado de saúde dos espécimes é apenas visual, pois o município não dispõe de tecnologia para detectar problemas mais profundos, como na raiz, que foi o responsável pelo último acidente.

O gerente de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Júlio De Marco, disse que a árvore que caiu ontem estava aparentemente bem. Segundo ele, o inventário cadastrou 57 informações de cada espécime, mas a análise foi visual. “Não há como avaliar a raiz. O cadastro é uma ferramenta para manutenção da árvore e pode apontar, por alguma situação, a necessidade de uma investigação mais profunda da situação. Se há algum problema, a árvore é suprimida”, disse, acrescentando que a quantidade de quedas por causa da chuva se reduziu bastante nos últimos 10 anos.

A Cemig informou que somente faz poda preventiva de árvores antes do período chuvoso e poda emergencial quando há risco de queda. O serviço somente´e feito quando a vegetação está “em conflito com a rede elétrica”.

PERIGO O local onde caiu a árvore ontem é de grande movimentação de pessoas, devido à proximidade de vários hospitais. Por sorte, ninguém se feriu. A fonoaudióloga Patrícia Marques, de 45 anos, passava com seu carro pelo local no momento. Folhagens e galhos menores chegaram a cair sobre o veículo. Ela conta que seguia pela Avenida Alfredo Balena quando, de repente, se deu conta de que algo havia atingido o veículo. “Foi muito rápido. Eu estava prestando atenção a uma ambulância para ver se ela frearia ou não. Foi um risco imenso. A prefeitura tem que ter mais atenção a essas áreas, por pouco não ocorreu uma tragédia”, desabafou.


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