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Enquanto o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) não conseguiram sequer encaminhar antigos invasores a programas habitacionais populares, a fim de viabilizar o projeto de ampliação do Anel Rodoviário – que está paralisado –, novas comunidades estão surgindo e crescendo a olhos vistos. Só neste ano, pelo menos três áreas invadidas entre as regiões do Barreiro e Oeste estão sendo expandidas, uma delas ocupada a partir de fevereiro, ampliando o passivo e tornando ainda mais distante a adequação de uma das vias que mais matam na capital mineira.
A mais recente das invasões se alastrou em um aterro construído sobre as drenagens contra as cheias do Córrego Bonsucesso, no Barreiro, no sentido Rio de Janeiro, perto do trevo da Avenida Waldyr Soeiro Emrich (Via do Minério). Lá, cerca de 30 moradias de madeira e de alvenaria vão sendo aumentadas pelos moradores, em volta de uma mata de eucaliptos e do espaço que era usado como campo de futebol. Não se trata de problema recente: em 2008, vários barracos erguidos naquele mesmo espaço foram removidos pela Prefeitura de BH, por estarem em área de risco, onde intervenções contra as cheias seriam feitas depois que várias famílias perderam tudo em inundações.
Oito anos depois, crianças e adultos trabalham continuamente para tornar as habitações permanentes, estruturando as paredes, antes de madeirite, com tijolos e lajes, uma das estratégias para não serem despejados com facilidade. A equipe do Estado de Minas tentou contato com alguns desses moradores, para saber detalhes sobre as ocupações, mas as pessoas abordadas se mostraram arredias e não quiseram comentar as ampliações que faziam nos barracões.
A dois metros dos caminhões
Enquanto o poder público “avalia” situações do tipo, cada passagem de caminhão ou ônibus pelo Anel Rodoviário provoca deslocamentos de ar que fazem sacudir o barracão de um cômodo da ex-moradora de rua Renata Ferreira dos Santos, de 34 anos. A estrutura precária, que ela mesma construiu com pedaços de madeira e lona plástica a não mais que dois metros do asfalto, parece que vai ruir a qualquer momento. A desempregada conta que há seis meses deixou os passeios da Savassi, na Região Centro-Sul de BH, para tentar reestruturar a vida e reaver seus quatro filhos. “Minhas crianças estavam em um abrigo. Tiraram três delas de mim para adoção e só sobrou um. Preciso arranjar um emprego e uma casa de verdade para ter os meninos de volta”, afirma. A mulher é uma das mais recentes moradoras da invasão que fica entre a linha férrea e a Avenida Tereza Cristina, no Bairro das Indústrias, também no Barreiro.
A ocupação de casas no canteiro do Anel Rodoviário foi iniciada em 2015, mas continua crescendo, já chegando a mais de 80 moradias.
Indiferente às providências que o poder público diz estar tomando, a mais antiga das três ocupações integrantes da nova onda de invasões no Anel Rodoviário fica ao lado do pátio de recolhimento de veículos usado pela Polícia Civil no Bairro Betânia, na Região Oeste de BH. De acordo com a Urbel, o terreno invadido “é de propriedade particular e existe ação fiscal em desfavor dos invasores”..