A cada hora, quatro motoristas são flagrados pelas autoridades de trânsito em Belo Horizonte usando o celular enquanto dirigem. Quem ainda não abandonou esse hábito, que, segundo especialistas, tem alto potencial para causar acidentes, deve ficar atento: a partir de 1º de novembro, o valor da multa vai mais do que triplicar, saltando dos atuais R$ 85,13 para R$ 293,47.
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Dados do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) mostram que, de janeiro a junho de 2016, 18,7 mil condutores foram multados pelo uso do celular em BH. A infração ficou em sexto lugar no ranking do primeiro semestre na capital mineira.
O professor Márcio Aguiar, coordenador do Departamento de Transportes e Trânsito da Fumec, diz que a reclassificação da conduta e o aumento da punição são muito importantes, mas chegam com atraso, pois há pelo menos cinco anos a população já usa com frequência celulares mais avançados, conhecidos como smartphones, que prendem muito a atenção dos condutores pelas várias funcionalidades, como acesso a redes sociais e a aplicativos de mensagens.
“Só quando pesa no bolso é que o infrator começa a se preocupar de forma mais intensa nas próximas vezes”, afirma o especialista.
O professor também ressalta que uma parcela dos condutores vai continuar tendo problema, mesmo com o reajuste considerável.
“Precisamos intensificar a fiscalização e também dar agilidade aos processos administrativos. Se toda vez que um condutor atingir os 20 pontos tiver a carteira suspensa de forma ágil, com certeza vamos verificar redução de desastres”, diz o especialista.
O tenente-coronel Gláucio Porto Alves, comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), diz que, com a mudança na legislação, a expectativa é de que os motoristas se conscientizem do perigo que é usar o celular e dirigir. “Não há dúvida de que essa conduta é gravíssima, porque coloca a vida de muitas pessoas em risco, principalmente as dos pedestres”, destaca o militar.
A mudança sancionada pelo governo federal em maio determina aumento para todas as infrações do CTB. As multas por infrações levem passam de R$ 53,20 para R$ 88,38. Já as médias partem dos atuais R$ 85,13 para R$ 130,16.
O CUSTO DO ÁLCOOL De todas as infrações previstas no CTB, cinco são punidas atualmente com a quantia de R$ 1.915,40. É o teto estipulado pela legislação, considerando a multa base para uma infração gravíssima multiplicada por 10, devido ao nível de risco da infração. A partir de 1º de novembro, essas condutas – dirigir sob efeito de álcool, disputar pega ou racha, promover competições nas vias sem autorização, usar o veículo para demonstrar manobras ou arrancadas bruscas e forçar passagem entre veículos que transitam em sentidos opostos – passarão a custar aos infratores R$ 2.934,70.
ARRECADAÇÃO Apesar do aumento considerável do valor das infrações, que chega a 244% no caso do uso de celular, a Prefeitura de Belo Horizonte não espera um aumento expressivo na arrecadação com as multas. Em 2015, a capital mineira arrecadou R$ 79 milhões pagos por infratores, segundo o gerente do Fundo de Transportes Urbanos (FTU), Lucas Ventura Araújo Ribas Colen.
Em 2016, chegaram aos cofres municipais R$ 68 milhões, de janeiro a agosto, e a previsão é de que esse valor alcance R$ 86 milhões até 31 de dezembro. Para 2017, a estimativa é chegar aos R$ 89 milhões, aumento de 3,4%.
A BHTrans informou que todos os recursos arrecadados com multas são direcionados para implantação e manutenção de sinalização, operação e fiscalização do tráfego, além de segurança e educação no trânsito, conforme determina o CTB. Também é obrigatório o repasse de 5% de tudo que é arrecadado para o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset).
Palavra de especialista
Márcio Aguiar
Coordenador do Departamento de Transportes e Trânsito da Fumec
Reação prejudicada
“Normalmente, se o motorista estiver atento, ele leva de dois a três segundos para tomar uma decisão no trânsito. O celular, em alguns casos, pode elevar esse tempo de reação para de 12 a 15 segundos. Se o condutor trafega a uma velocidade de 60km/h, cada segundo de desatenção significa rodar por 17 metros sem controle do veículo, o que aumenta potencialmente o risco de acidente.”
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