A primeira reação dos taxistas veio ontem pela manhã, com a carreata que fechou a via de acesso ao terminal. Os motoristas criticam o Uber por considerá-lo ilegal e apontam concorrência desleal: na modalidade Uber-X, mais simples, a tarifa do serviço por aplicativo é até 45% menor que a de táxi (veja quadro).
A BH Airport, concessionária que administra o aeroporto, informou que os bloqueios provocados pelos taxistas causaram pontos de lentidão no acesso ao terminal, mas não interferiram na operação dos aviões.
Apesar dos protestos, tanto o Departamento de Estradas de Rodagens de Minas Gerais (DER-MG), que faz a fiscalização do transporte individual de passageiros na região metropolitana, como a BHTrans, que regulamenta a atividade na capital, voltaram a informar que estão impedidos de fiscalizar o Uber por decisão judicial.
A operação do Uber no aeroporto para buscar passageiros começou na sexta-feira passada. A empresa informou que, antes, o seu aplicativo era bloqueado para os clientes por uma decisão mercadológica. Agora, o usuário do aplicativo já recebe, ao desembarcar no terminal, instruções de como solicitar o serviço e onde encontrar o veículo.
A BH Aiport afirma que não foi feito nenhum acordo comercial com o Uber para que os veículos ligados à empresa tenham um espaço no terminal. Segundo a concessionária, somente as cooperativas credenciadas de táxis, locadoras de veículos e vans e os ônibus de linhas regulares têm espaço reservado para o embarque e desembarque no aeroporto.
Em mensagem para usuários do aplicativo, a Uber informa que o “ponto” para motoristas do Uber é o Terminal 1, perto dos balcões de check-in da Gol. Há ainda a recomendação de que o passageiro só acione o motorista parceiro quando já estiver com bagagens em mãos.
Com tarifas entre o Centro de BH e Confins que variam entre R$ 65 e R$ 87, no Uber-X, e entre R$ 96 e R$ 128, no Uber Black, a entrada do serviço por aplicativo no aeroporto é aprovada por passageiros. “Vai melhorar a acessibilidade para aquela área”, avaliou Alessandro Magnum, de 31 anos, usuário do aplicativo.
“Acho ótimo. Nós temos o direito de escolher qual serviço queremos usar”, completou Leonardo Dias, de 30. Nos táxis comuns, a tarifa é de aproximadamente R$ 120, e no especial, que está em promoção, é R$ 127.
MANIFESTAÇÃO O protesto, promovido por grupos de taxistas sem participação do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), teve início na manhã de ontem na Cidade Administrativa, Região de Venda Nova, na capital. Em carreata, o grupo fechou o viaduto de acesso ao aeroporto.
Inicialmente, o bloqueio feito pelos motoristas causou lentidão no acesso ao terminal, mas depois também dificultou a saída. Houve alternância entre bloqueio total e parcial, dificultando a chegada dos passageiros. Segundo os taxistas, cerca de 100 motoristas participaram da manifestação.
A Polícia Militar esteve no local tentando a desobstrução completa da passagem do viaduto e das demais alças de acesso. O protesto foi concluído às 12h30, depois de grande movimentação na via de embarque e desembarque de passageiros. A maioria dos taxistas que participaram do protesto são da região do aeroporto, de cidades como Confins e Lagoa Santa, e também os metropolitanos (táxis especiais), cujos carros são da cor azul.
A direção do Sincavir foi procurada para falar sobre o assunto, mas ninguém foi encontrado. O Uber se manifestou sobre o protesto, afirmando que “acredita que todo cidadão tem o direito de escolher como quer se movimentar pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente.”
Por meio de nota, o DER-MG informou que faz ações de fiscalização regularmente no Aeroporto de Confins. “O Uber não é regulamentado e para a fiscalização é considerado transporte irregular. No entanto, existe decisão liminar que autoriza os motoristas do Uber a fazer o transporte individual privado de passageiros, o que inibe a ação da fiscalização”, destacou a nota.
A Prefeitura de Belo Horizonte também informou que aguarda julgamento no Tribunal de Justiça sobre a legalidade da atividade do Uber.