O passeio para o dia na praia começou na noite de sábado, por volta das 22h, quando um grupo de turistas deixou Belo Horizonte com destino ao Rio de Janeiro. A viagem foi em um ônibus contratado exclusivamente para os 46 passageiros, que depois de um dia de diversão nas areias de Copacabana retornavam à capital mineira na noite do domingo. A volta para casa, porém, foi marcada por um acidente que tirou a vida de quatro dos turistas, além de matar o motorista do ônibus e o condutor de um caminhão, que seguia pela rodovia. Por volta das 23h, o coletivo da empresa JRV, de Belo Horizonte, foi atingido pelo caminhão-baú carregado de biscoitos e teve a frente esmagada. O motorista do veículo de carga perdeu o controle na curva do km 764 da BR–040. O caminhão formou um L, tombou na pista e invadiu a contramão. À exceção de dois passageiros, os 40 demais sobreviventes ficaram feridos, sete deles presos às ferragens do ônibus. O acidente chama a atenção para a violência desse tipo de ocorrência, que, somente este ano, deixou pelo menos 595 feridos e 16 mortos nas rodovias federais que cortam Minas.
Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Pela própria característica dos veículos, que carregam um grande número de passageiros, os ônibus acabam somando um grande número de vítimas. E, apesar de a maior parte da frota contar com cinto de segurança e os motoristas instruírem os passageiros a usá-lo, ainda há muita negligência em relação ao equipamento”, avalia o assessor de comunicação da PRF, inspetor Aristides Júnior. Ele lembra, no entanto, que o cinto do ônibus, por ser apenas de duas pontas e não prender o passageiro pelo tronco, evita que o ocupante seja arremessado para fora e corra o risco de ser esmagado pelo veículo, mas não previne ferimentos.
Para o consultor em transporte e trânsito Osias Batista, os acidentes com ônibus sempre têm “alta periculosade” e “os riscos devem ser sempre evitados”. Ele alerta que passageiros devem usar sempre cinto e empresas precisam ser rigorosas com treinamento e controle de jornada. Sobre motoristas de caminhões e carretas, Batista diz que a realização de exames toxicológicos tem mostrado resultados e deve ser mantida e ampliada.
APOIO No caso do ônibus envolvido no acidente de domingo, a documentação do veículo e a licença para transporte de passageiros estavam em dia, segundo a PRF. Ontem, um representante da empresa esteve em Juiz de Fora para prestar apoio aos feridos e assistência às famílias dos mortos. Entre os passageiros que perderam a vida estão Patrick Maikel de Souza, de 19 anos, Francis Campos Assis, de 29, e duas mulheres que não haviam sido identificadas até a noite de ontem. João Batista Monteiro da Fonseca, de 50 anos, que dirigia o ônibus, e Nilton Brás Diniz, de 47, motorista do caminhão, também não resistiram. Os corpos foram levados para o Instituto Médico-Legal de Juiz de Fora e os feridos foram atendidos em hospitais da cidade. Dos 40 pacientes internados, 19 receberam alta e 21 permaneciam sob cuidados médicos em quatro unidades de saúde do município.
Por causa do acidente, a BR–040 ficou interditada entre as 23h de domingo e as 6h30 de ontem. Desse horário, até as 9h30, o trânsito operou em meia pista. De acordo com o subtenente dos bombeiros Demétrio Silva, o trecho onde o acidente ocorreu é sinuoso. A reportagem do EM entrou em contato com a empresa de ônibus, mas o representante informou que não poderia atender porque prestava assistência às vítimas e familiares.