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Estado de Minas

Advogado quer análise de imagens para comprovar que torcedor foi assassinado no Mineirão

Parentes e amigos de Eros Belizário, torcedor cruzeirense morto durante jogo de seu time contra o Grêmio no Mineirão, suspeitam de homicídio. Eles foram ao IML para liberar o corpo na noite desta quinta-feira


postado em 27/10/2016 22:21 / atualizado em 27/10/2016 23:54

Parentes e amigos, acompanhado de advogado, tiveram dificuldades na liberação do corpo(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Parentes e amigos, acompanhado de advogado, tiveram dificuldades na liberação do corpo (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

O advogado Jean Carlos Gonçalves, que representa a família do torcedor cruzeirense Eros Dátilo Belizário, de 37 anos, adiantou que vai pedir análise das imagens do sistema de segurança da Minas Arena, que administra o Mineirão, para comprovar que ele foi assassinado. Eros morreu na noite da quarta-feira durante o jogo de Cruzeiro e Grêmio pela Copa Brasil, na capital.

A versão inicial era de que o torcedor sofreu um infarto. Porém, a namorada de Eros e colegas dele da torcida organizada que ele participava, afirmam que ele foi espancado por seguranças do estádio, quando tentava passar do setor laranja para o vermelho, onde estavam seus conhecidos.

A prima do torcedor, a comerciante Michelini Belizário Magnago, de 44, disse que a família quer apuração rigorosa e punição de quem o agrediu. Michelini chegou nesta noite no Instituto Médico Legal (IML) de BH, vinda de Juiz de Fora, na Zona da Mata, para reconhecer e liberar o corpo. Porém, problemas na documentação atrasaram o processo e a previsão de liberação foi adiada para a madrugada.

Já o advogado Jean Carlos, explicou que sua atuação nesta quinta-feira foi no sentido de liberar o corpo para ser velado no Cemitério da Saudade, Região Leste de BH, onde ele vai ser enterrado. Mas garantiu que vai acompanhar as investigações de perto. “Se fosse o contrário, a Minas Arena já teria divulgado imagens e o Eros estaria atrás das grades”, sugeriu o advogado, enquanto tentava liberar o corpo do torcedor no IML.

Há quatro anos, desde a morte da mãe de Eros,  Micheline não via o primo. Mas, segundo disse, ele era uma pessoa tranquila, que tinha como paixão: o Cruzeiro. O sentimento pelo clube se refletiu até mesmo na escolha da urna, que será nas cores azul e branco com um destacado escudo do time na tampa. A roupa para vestir o torcedor, um uniforme azul e branco da torcida organizada, foi entregue pela namorada dele na funerária, contratada pela Minas Arena.

Amigo de vítima desconfia de versão de morte natural


O vendedor Aldo Cardoso, de 33, amigo pessoal de Eros, acompanhou desde a manhã o processo para liberação do corpo. “Ele era apaixonado pelo time, mas longe dessa imagem de torcedor marginal. Trabalhava de motoboy, pai de uma filha de três anos, era daqueles amigos presentes para o que a gente precisasse”, descreveu Aldo, que não soube dizer se o cruzeirense já respondeu na Justiça por algum conflito entre torcidas organizadas.

“Já fomos detidos durante brigas de torcidas, mas nada que fosse grave, que resultasse em crime”, afirmou. Ainda, de acordo com o vendedor, Eros frequentava academia de ginástica e luta marcial. “Ele era ágil e por isso tenho certeza de que foi agredido com uma gravata por trás, o que casou a lesão em seu pescoço. Se fosse barrado por apenas um segurança, escaparia. E, falar em morte natural não convence, pois era praticante de esporte”, contestou Cardoso.

À tarde, por meio de nota, a diretora do IML, a médica legista Lena Lapertosa, adiantou que o corpo apresenta sinais externos de trauma, porém, as lesões não justificam o óbito. “Por essa razão, será necessária a realização dos exames anatomopatológico e toxicológico, que já estão em curso. O prazo para conclusão dos testes é de 30 dias”, completou, em nota divulgada pela Polícia Civil.

Michelini, prima do cruzeirense, veio de Juiz de Fora para fazer o reconhecimento do corpo(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
Michelini, prima do cruzeirense, veio de Juiz de Fora para fazer o reconhecimento do corpo (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

Torcedor chegou sem vida no hospital com traumas múltiplos


A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) confirmou que o torcedor estava sem vida quando deu entrada no Hospital Metropolitano Odilon Behrens, às 23h07, em uma ambulância privada que atende no Mineirão. De acordo com a SMSA, o paciente chegou ao hospital com múltiplos traumas.

A empresa responsável pela segurança do estádio também divulgou nota: "A Prosegur lamenta o ocorrido na noite desta quarta-feira (26/10), na Minas Arena. A companhia ressalta que está colaborando com as autoridades na investigação dos fatos".

A Minas Arena, responsável pela gestão do Mineirão, se manifestou em nota nesta quinta-feira, na qual declara ter ''total interesse no esclarecimento do assunto de forma séria e verdadeira" e que "acompanha de perto e aguarda a apuração dos fatos pelas autoridades competentes''.


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