Pétalas de rosas no ar, aplausos emocionados, cânticos de louvor e muita alegria no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, na Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Fiéis participaram na tarde de ontem da missa de acolhida aos restos mortais da serva de Deus, a mineira Irmã Benigna (1907-1981), cujo processo de beatificação tramita no Vaticano. “Já há um milagre comprovado, só que o nome da pessoa ainda não foi revelado. Este dia é muito importante para o processo e temos certeza de que ela vai se tornar beata em breve”, disse a integrante da Associação dos Amigos de Irmã Benigna (AmaiBen) Belquis Campolina França Ferreira.
Leia Mais
Irmã Benigna a caminho da beatificaçãoBeatificação de Irmã Benigna só depende agora do VaticanoDevotos se unem pela beatificação da Irmã BenignaFiéis celebram 103 anos de Irmã BenignaProcesso de beatificação de Irmã Benigna entra em nova faseMineiros candidatos à santificação ganham torcida nas celebrações da semana santaSerra da Piedade ganha reprodução da passagem bíblica do Monte das OliveirasRomeiros chegam à Serra da Piedade com bençãos e acolhimento fraterno Missa abre jubileu de peregrinação ao santuário da Serra da PiedadeMuseu no topo da Serra da Piedade começa a ganhar terrenoRestos mortais de Irmã Benigna são levados para Capela São Luiz onde ficarão em definitivo
“Este é um dia histórico na Serra da Piedade, pois recebemos as relíquias de uma pessoa que se dedicou muito aos pobres, viveu com obediência a Deus e teve uma trajetória marcada pela santidade”, disse, na entrada da ermida barroca, o reitor do santuário, padre Fernando César do Nascimento. Ele explicou que hoje, às 9h, os restos mortais dos religiosos serão trasladados para o Recanto Monsenhor Domingos, pertencente à congregação e localizado aos pés da Serra da Piedade. Às 10h haverá a bênção da pedra fundamental do Memorial Irmã Benigna, seguindo-se, às 11h, missa em memória da freira e procissão até a cripta da Capela São Luiz, no Asilo São Luiz, onde ficará a relíquia.
BEATIFICAÇÃO Entusiasmada, Belquis disse que a cerimônia de ontem foi um passo importante para a beatificação de Irmã Benigna, cujas relíquias estavam no Noviciado Nossa Senhora da Piedade, no Bairro Bandeirantes, na Pampulha, em BH.
Em uma cadeira de rodas e aos 83 anos, a presidente da AmaiBen, Maria do Carmo Mariano, se recordava da amiga que, a exemplo dos mineiros Nhá Chica e Padre Victor, poderá se tornar beata. Ela se lembrou da força recebida de Irmã Benigna quando teve o filho de 3 anos desenganado pelos médicos. Com orações, ela conseguiu que o menino sobrevivesse – hoje, tem 61 anos.
“Para mim, ela já é santa”, disse a moradora de BH Djanira Damasceno, de 39, ao lado do marido, William de Oliveira, de 45, assistente administrativo, e dos filhos Emanuela, de 16, e Daniel, de 13. “Desde que nos conhecemos, há 21 anos, temos admiração pela Irmã Benigna. Tive uma primeira gravidez muito difícil, e foi graças à intercessão dela que tive um parto tranquilo”, contou Djanira.
Com a ermida lotada, muita gente ficou do lado de fora, no adro. Foi o caso de Eduardo de Sanchez, de 76, de Contagem, na Grande BH: “Já obtive muitas graças, sempre rezei para Irmã Benigna nos momentos de dificuldades”. Durante todo este ano, quando são recordados os 35 anos de morte da religiosa, a Amaiben e a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade realizaram celebrações, todos os meses em memória da serva de Deus. “Estou certo de que ainda vou ver a imagem dela em muitas igrejas do mundo”, acrescentou Eduardo, com esperança.
Caminho até a santidade
» Os processos de beatificação podem ser longos e demorar quase cinco décadas, como ocorreu no caso do beato Padre Eustáquio (1890-1943), que era holandês, mas teve um trabalho pastoral e social importante em Minas, sendo beatificado em Belo Horizonte. No caso da Irmã Benigna, o trabalho está bem encaminhado, com muitas testemunhas
» Tudo começa com a fama de santidade e virtude do candidato a beato, associada a um clamor da população. Com autorização do Vaticano, os processos começam cinco anos depois da morte do candidato a beato
» Iniciada a tramitação – a pedido de uma congregação, diocese ou outra instituição ou ordem religiosa – o candidato a beato pode ser chamado de servo ou serva de Deus.
» A primeira parte do processo de beatificação se dá em nível diocesano e só depois toda a documentação é enviada para Roma para análises, verificação de procedência e outros aspectos
» Quanto termina o processo de beatificação, começa o de canonização (tornar-se santo), sendo necessária a comprovação de outro milagre.