Em uma frente de trabalho com menos impactos na circulação da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a empresa contratada pela BHTrans trabalha com projeções de mudanças na Savassi e na área hospitalar, mas sem mexer de forma estrutural no tráfego, com alterações em mãos de direção, por exemplo. Segundo a superintendente de Desenvolvimento de Projetos e Educação para o Trânsito, Eveline Trevisan, o objetivo é trabalhar com pintura de vias, implantação de mobiliário urbano, expansão de calçadas e alterações de estacionamento, sem diminuir vagas, de forma a criar um impacto visual que aumente o conforto dos pedestres. “Queremos mostrar que nesses lugares quem tem prioridade é o pedestre, mas sem atrapalhar o acesso de ninguém. Vamos fazer um tratamento urbanístico mais simples”, afirma.
Para o consultor em transporte e trânsito Osias Baptista, as modificações que privilegiam a redução de um tempo de semáforo em cruzamentos com três estágios, como deve ocorrer nas avenidas Bias Fortes e Álvares Cabral, além da priorização do pedestre, são medidas seguidas mundialmente em engenharia de tráfego. “São intervenções inicialmente difíceis, mas que estão melhorando o desempenho operacional dos cruzamentos e aumentando a segurança dos pedestres”, diz.
Porém, o especialista destaca que as modificações devem também dar prioridade a uma fluidez maior do transporte público. “As intervenções ainda são tímidas para os ônibus. Na região da Avenida Augusto de Lima, por exemplo, temos um tratamento mais severo para o transporte coletivo, e isso é bom. Mas há várias situações em que essa prioridade deveria ser mais explícita”, afirma. Ele cita exemplos da Avenida Alfredo Balena (região hospitalar) e da Rua dos Timbiras, onde não há clareza suficiente sobre as faixas exclusivas de coletivos.
O presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, destaca que uma das principais virtudes do Mobicentro foi possibilitar a entrada do Move na área central. “Incorporamos o sistema Move atravessando o Hipercentro, sem mudar a lógica de funcionamento da cidade. Também houve redução de 18% dos atropelamentos no conjunto de interseções tratadas (no Mobicentro). Além disso, temos estimativas de redução de 41% de emissão de gás carbônico na cidade”, afirma. Ramon acrescenta que a Prefeitura de BH pretendia implantar mais 100 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus na cidade, com base em financiamento do governo federal, na atual gestão do prefeito Marcio Lacerda. Porém, o Ministério das Cidades cortou o dinheiro, devido à crise econômica, e não há previsão de retomada desses projetos.