Baladas nas casas noturnas deixaram de ser garantia de diversão em Belo Horizonte. Problemas nas noites em boates, pubs e casas de shows da capital têm resultado em frequentes boletins de ocorrência policial em situações marcadas por desentendimentos, alterações de comportamento e brigas. O caso mais recente ocorreu na madrugada de quarta-feira na casa de eventos Hangar 677, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, quando o jovem Pedro Henrique de Oliveira Rocha, de 22 anos, foi agredido por um grupo de pessoas, quando passava entre duas mesas. Ele estava na companhia da namorada e de amigos quando foi abordado pelos agressores. Em setembro, do lado de fora da mesma boate, o estudante de medicina Henrique Papini, de 22, já tinha sido vítima de espancamento.
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Para o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio dos Reis, membro do Fórum Nacional de Segurança Pública, falta vigilância dentro das casas noturnas. “São espaços monitorados pela segurança privada e, consequentemente, com baixo nível de controle.
O especialista diz ainda que parte dos jovens tem hoje uma propensão a extrapolar regras de convívio social e, quando encontram ambientes de pouco controle, tendem a assumir comportamentos agressivos. “Essas confusões ocorrem por uma combinação de fatores e por excessos: de machismo, de consumo de bebida alcoólica, de confiança de que nada vai acontecer se as regras não forem cumpridas”, afirma. Ele cobra de autoridades de segurança pública que tratem esses locais, com alta incidência de ocorrências criminais, como “zonas quentes”.
INVESTIMENTOS Do ponto de vista da infraestrutura, o diretor-executivo da Abrasel-MG, Lucas Pêgo, sustenta que os donos de casas noturnas têm investido alto para evitar brigas e outros transtornos no interior desses locais, já que o todos prezam pelo “nome da casa” e pela tranquilidade dos frequentadores. A lista de medidas inclui contratação de seguranças particulares bem treinados e em quantidade adequada para o público, instalação de sistemas de videomonitoramento dentro e na fachada das casas, além de revista rigorosa. “Essas situações são lamentáveis e nenhum empreendedor deseja que isso aconteça dentro de sua casa, na qual ele fez um investimento altíssimo e para o qual se prepara todos os dias para oferecer divertimento com qualidade e segurança. É inadmissível que um fato, uma pessoa ou um grupo de pessoas mal intencionadas destruam todo esse trabalho feito durante anos”, opina.
Um dos sócios da casa de eventos Hangar 677 (onde houve dois casos de violência), o empresário Pedro Lobo avalia que não é mais possível traçar um perfil do brigão de festas, como em épocas atrás. Mas diz ter percebido que a faixa etária é fator preponderante para o envolvimento nas confusões. “Geralmente são meninos com idades entre 21 e 25 anos, que bebem muito, sem muitos limites”, afirma.
O assessor de Planejamento Operacional do Comando de Policiamento da Capital, major Ricardo Martins de Almeida, sustenta que a corporação pouco pode fazer em relação ao que ocorre dentro das boates, já que a segurança nesses ambientes é particular. Ele critica, no entanto, o uso sem moderação de bebida alcoólica e comportamentos de agressividade que acabam impactando nas estatísticas de criminalidade. Do lado de fora, onde também há vários casos de violência, ele alega que a PM tem mapeadas as boates onde há mais problemas e estabelece operações para acompanhamento da movimentação nesses locais, onde podem ocorrer, além das brigas, acidentes, casos de perturbação do sossego e de estacionamento irregular.
Marta Aparecida de Oliveira, de 55 anos, mãe de Pedro Henrique, agredido na quarta-feira
‘Isso não pode ficar impune’
Como está seu filho?
Ele está bem, dentro do possível. Do ponto de vista físico, há o desconforto do ferimento no nariz e estamos aguardando a cirurgia na próxima semana. É claro que há todo um prejuízo em sua rotina na faculdade, onde cursa o primeiro período de direito, e também em seu trabalho.
Como fica a mãe ao ver seu filho sair para se divertir e voltar agredido?
Fico revoltada. É um espaço de festa jovem, para 3,5 mil convidados, sem a segurança adequada. Não há uma sala de socorro. Lá tem uma ambulância, mas a médica disse que não era caso para hospital.
O que você espera das apurações do caso?
Nesse primeiro momento estamos dando assistência médica ao meu filho, mas vamos acompanhar o que será feito pela polícia.
Agredido ainda não foi ouvido
A Polícia Civil pretende ouvir nos próximos dias o jovem Pedro Henrique de Oliveira Rocha sobre as agressões que ele sofreu no interior da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’água. Ele já teve alta do Hospital Felício Rocho, no Barro Preto, mas vai voltar à unidade na segunda-feira para avaliar a necessidade de cirurgia no nariz, que acabou fraturado depois das agressões com uma barra de metal. Segundo o pai do jovem, ele precisa esperar o local atingido desinchar para retornar ao hospital. O delegado Flávio Grossi, da 4ª Delegacia do Barreiro, será o responsável pelo caso.
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