“Do ponto de vista das ações de reparação e compensação, temos muito pouco feito em um ano.
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Contudo, um quadro instável como esse não permite a recuperação da ecologia dos ambientes aquáticos, na avaliação do CBH-Doce. “Da Barragem do Fundão à Represa de Candonga, a situação é gravíssima. Temos muito rejeito nos três rios, nas margens há trechos com quase dois metros de resíduos acumulados, que, se não forem contidos, voltarão para o Rio Doce”, afirma Deptulski.
LAMA ARMAZENADA No Rio Doce, em muitos pontos onde imperava a cor vermelha da lama de rejeitos da Samarco, a cor original da água voltou a aparecer. Mas a aparente purificação abaixo da Represa de Candonga esconde grandes depósitos de resíduos no fundo do manancial, que vêm à tona a cada chuva. No distrito valadarense de Baguari, os trabalhadores que operam areais estão parados devido à grossa camada de rejeitos que se assentou no leito. Ao ligar as bombas das dragas, a água e a areia claras que jorravam há um ano deram lugar a um caldo escuro com cheiro de ferrugem, semelhante ao que as ruínas de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, exalavam depois do rompimento da Barragem do Fundão. “A Samarco diz que não tem mais lama, mas olha só a que está saindo do fundo do rio. Estamos tentando limpar para poder usar a areia de novo. Mas já faz um ano que todos os dias a gente vem aqui e liga a draga e só puxa lama para fora”, afirma o proprietário de uma dessas extrações.
Governadores se reúnem com Temer
O presidente da República, Michel Temer, e os governadores de Minas, Fernando Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, participaram de reunião com representantes da Samarco para cobrar medidas que evitem novo desastre ambiental na Bacia do Rio Doce na estação de chuvas. Também estiveram presentes ministros e outras autoridades.
Fundação tem missão de resgatar mananciais
Uma das funções da recém-formada Fundação Renova é a recuperação ambiental. A entidade foi criada pela Samarco e pelos governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo para gerenciar recursos e ações de mitigação dos efeitos do rompimento da Barragem do Fundão. De acordo com a Renova, serão recuperadas 5 mil nascentes, ao ritmo de 500 por ano. Captações alternativas estão sendo construídas nos rios Santa Maria do Doce e Pâncas, para criar uma alternativa de fornecimento de água para Colatina e no Rio Suaçuí Grande, para Governador Valadares.
Mas a principal forma de preservar a biodiversidade afetada é o tratamento dos esgotos das cidades, que chegam muitas vezes pelos afluentes. Serão investidos R$ 500 milhões no tratamento de esgoto de 39 municípios, de Mariana a Linhares (ES). R$ 50 milhões neste ano, R$ 200 milhões em 2017 e R$ 250 milhões em 2018. “Se essas ações não forem interrompidas, em cinco anos vamos praticamente acabar com o esgoto da calha do Rio Doce”, espera o presidente do CBH-Doce, que integra a Fundação Renova.
De acordo com a Samarco, a formação de sua rede de diques pode impedir que os resíduos acumulados entre a mineração e Bento Rodrigues volte a contaminar o Rio Doce. A empresa afirma que foram recuperados 56 de 101 afluentes mapeados dos Rios Gualaxo do Norte e do Carmo.
ANIMAIS Nas margens, a Samarco informa ter revegetado emergencialmente 830 hectares nos municípios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado. Cerca de 7 mil animais impactados receberam algum tipo de assistência e 5.500 toneladas de silagem para alimentação animal foram distribuídas em propriedades rurais de Mariana, Barra Longa, Ponte Nova, Rio Doce e Santa Cruz Escalvado.
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