O TJMG foi acionado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) após a Justiça de primeira instância ter negado punição aos envolvidos no caso, ocorrido em 21 de fevereiro de 2011, pouco mais de um mês depois de o pároco ter sido comunicado pelo conselho sobre a aprovação do tombamento provisório do bem histórico. Na data, moradores próximos da igreja informaram ao conselheiros que o padre determinara a destruição do piso antigo do templo. A retirada teria começado às 4 horas da madrugada e, às 7 horas da manhã, todo o revestimento já estaria removido.
Leia Mais
Igreja prepara missa para 127 refugiados sírios que vivem em BHNova iluminação da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem está prontaSemáforos de BH ajudam a identificar igrejasIgreja do Rosário será reaberta nesta quinta-feira em Santa LuziaRestauradores descobrem ferramentas do século 18 em igreja de CongonhasREVOLTA A destruição do piso da igreja, que fica no Centro de Divino, a 320 quilômetros de BH, foi documentada pelo Estado de Minas, mostrando, principalmente, a revolta de moradores e defensores do patrimônio. Conforme a reportagem da época, “na madrugada, entre 4h e 5h, o titular da paróquia, padre José Flávio Garcia, teria mandado um grupo de trabalhadores quebrar e arrancar os ladrilhos hidráulicos do templo católico construído em 1944. Acionado por moradores, o MP, por meio da promotora de Justiça da comarca, Jackeliny Ferreira Rangel, acionou a Polícia Civil para serem tomadas as providências necessárias”. Na sequência, o religioso prestou depoimento na delegacia.
A matéria trouxe o depoimento da então secretária do Conselho Cultural de Divino, Andreia Medeiros Chaves, que contou ter sido comunicada sobre a destruição do piso por volta das 7h: “Quando cheguei lá, não dava mais para salvar nem um metro quadrado. E o padre evitou qualquer contato conosco”. Em 20 de janeiro, segundo Andreia, o conselho se reunira para discutir o assunto, movido por comentários de paroquianos de que o padre pretendia trocar os ladrilhos hidráulicos por granito.
A reportagem do EM tentou ouvir o padre José Flávio Garcia, mas foi informada que o religioso atua agora na paróquia de Vargem Alegre, na Região Leste. No local, ele não foi encontrado na tarde de quinta-feira, assim como o atual pároco de Divino, padre Roberto, que estava em viagem. Já a Mitra Diocesana de Caratinga informou que recorreu da decisão, mas na tramitação do processo no TJMG “baixa definitiva”, ou seja, não cabe mais recurso.
Matriz em estilo neogótico
A Matriz de Divino é uma obra em estilo neogótico, inaugurada em 1944 no local onde havia uma capela erguida por desbravadores, que iniciaram o povoamento da região, em 1833. Além de ter 22 vitrais “de excelente qualidade técnica”, conforme especialistas, a igreja forma um conjunto paisagístico com a praça Genserico Nunes. Uma escadaria foi construída em 1960 para unir igreja e espaço público. Para os conselheiros, o templo tem “imensa” importância para a comunidade local, sendo o maior patrimônio histórico e cultural da cidade.