A decisão da Justiça que proibiu a venda de animais no Mercado Central de Belo Horizonte foi tomada na sexta-feira e divulgada três dias depois, mas o comércio de bichos continuava normalmente ontem nos corredores do centro de compras. Como os comerciantes ainda não foram notificados da liminar obtida pelo Ministério Público de Minas, puderam seguir expondo pássaros, cachorros e coelhos, entre outros animais. Apenas a entrada de novos espécimes, também determinada pela Justiça, já estava proibida ontem graças à presença de fiscais do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), do Ministério Público. Uma dupla de fiscais esteve no mercado para se certificar de que novos bichos não entrariam no mercado e não encontrou irregularidades.
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PBH diz que faz ações de prevenção e fiscalização dos serviços do Mercado Central MP alega maus-tratos e riscos à saúde humana na venda de animais no Mercado CentralJustiça suspende venda de animais no Mercado Central de Belo HorizonteMercado Central tenta reverter decisão que proíbe venda de animais no localMercado Central de BH estuda propor acordo para manter a venda de animaisEM flagra venda de animais próximos a alimentos em outros locais da Grande BHApós notificação, Mercado Central se reúne para discutir proibição da venda de animaisElenco de novela se une em campanha para salvar abrigo de animais em BHEmbora ainda não tenha sido integralmente cumprida, a decisão que suspende a venda de animais virou assunto no Mercado Central. A psicóloga Janine Chequer, de 28 anos, aproveitou a presença de fiscais do Procon relatou um problema que teve com um animal comprado há cinco anos em uma das lojas do mercado. “Eu não tinha consciência do problema, da higiene e da saúde dos bichos. Comprei um filhote de poodle e, em menos de uma semana, descobri que o animal tinha cinomose.
Por sua vez, o comerciante de animais Samuel Cruz, de 33, há 15 no Mercado Central, contesta a proibição. Ele opina que ativistas não conhecem os bastidores e garante que os animais são bem tratados. “Isso tudo é fiscalizado, nós temos normas a seguir.
JUSTIFICATIVAS Na ação que resultou na liminar que suspende a venda de animais no Mercado Central, representantes do Ministério Público alegaram, entre outras coisas, que há tratamento inadequado aos bichos e problemas relacionados à saúde pública. Em entrevista concedida ontem para detalhar o processo, os promotores Lílian Marotta Moreira, Rodrigo Filgueira de Oliveira e Bruno Alexander Vieira Soares reforçaram que a situação dos animais no mercado “é precária e traz riscos à saúde da população”.
Segundo Lílian Marotta, a promotoria vem acompanhando a situação no Mercado Central desde 2003, quando foi aberta uma investigação por conta de denúncias de maus-tratos aos animais e riscos ao direito do consumidor. No entanto, os problemas foram detectados ainda na década de 1990. “Em 1997 encontramos procedimento aberto na Promotoria de Meio Ambiente também tratando desse tipo de denúncia. Na época, foi aberta ação penal, inclusive contra comerciante que ainda comercializa animais dentro do mercado, e a gente percebia a mesma forma de conduta desde aquela época”, disse.
Ainda segundo a promotora, há leis no Brasil que permitem a venda de animais, mas em Belo Horizonte há uma norma do Código Sanitário que proíbe expressamente que animais sejam vendidos no mesmo ambiente que alimentos. A Lei Municipal 7.852/1999 proíbe a entrada de animais em hipermercados, supermercados e similares (categoria na qual entra o mercado, segundo os promotores).
A Prefeitura de Belo Horizonte e o Superintendente do Mercado Central, Luiz Carlos Braga, rebateram as acusações do MP. Em nota, a PBH afirmou que sempre realizou ações de prevenção e fiscalização. “Desta maneira, cabe à Vigilância Sanitária fiscalizar o padrão sanitário dos estabelecimentos, bem como questões relacionadas ao acondicionamento dos alimentos. À Secretaria Municipal de Fiscalização cabe a verificação da existência de alvará de funcionamento e a compatibilidade do mesmo com as atividades comerciais exercidas”. A administração municipal sustentou, ainda, que sempre atuou em parceria com a diretoria e os comerciantes do Mercado Central no sentido de garantir o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário e não permitir qualquer risco à saúde dos frequentadores daquele local. Já o superintendente do Mercado Central, Luiz Carlos Braga, alegou que a ação é antiga deveria ser atualizada para as condições do Mercado Central atual. Ele disse que apresentará laudos da Vigilância Sanitária certificando que os alimentos não são prejudicados pela presença dos animais. (Colaborou João Henrique do Vale).