A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte de um motorista do Uber em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O homem foi abordado por dois assaltantes que, segundo versão de testemunhas, queriam levar o carro. Michael Ramos de Sá Farias, de 33 anos, foi assassinado com um tiro nas costas ao tentar fugir. Revoltados, outros condutores que trabalham com o aplicativo fizeram uma manifestação durante o enterro da vítima, para pedir mais segurança e o fim da cobrança em dinheiro das corridas.
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A Polícia Civil afirmou que um inquérito foi aberto para investigar o caso. Ontem, policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começaram a fazer os primeiros levantamentos para apurar o caso. Nenhuma motivação para o crime foi descartada. A princípio, o caso será tratado como latrocínio – roubo seguido de morte. A delegada Helena Peruni está à frente do caso.
SEPULTAMENTO O clima de comoção e revolta tomou conta de familiares e amigos durante o sepultamento do corpo de Michael, na manhã de ontem. Aproximadamente 50 condutores do Uber fizeram uma manifestação nas proximidades do Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, Região Norte de Belo Horizonte, para pedir mais segurança e o fim da cobrança em dinheiro nas viagens, mesmo que, a princípio, o crime não tenha relação com o pagamento em espécie pelas corridas do Uber.
O motorista Wilson Avelino, que há seis meses atua como parceiro do aplicativo, afirma que há medo entre os condutores desde que a empresa autorizou o pagamento em dinheiro das corridas, em julho deste ano. “Continuo atendendo os clientes normalmente, mas sigo uma tática. Os que farão o pagamento em dinheiro, por exemplo, só atendo se já tiverem notas anteriores. Se for uma pessoa que não tem nenhuma nota de corridas anteriores ou é mal avaliada, e solicita uma viagem para um local mais suspeito, já fico um pouco mais desconfiado e não faço o serviço”, disse Wilson.
Para ele, algumas medidas poderiam ter sido tomadas pela empresa. “O Uber tem que ser mais rigoroso ao cadastrar os novos clientes, coletando informações como CPF, identidade, endereço”, afirmou o motorista. Outro condutor do aplicativo, que não quis se identificar, também é contra o pagamento em dinheiro e se diz temeroso em fazer as corridas. “Fico receoso em receber o dinheiro, pois ficamos muito visados”, comentou. “Não adianta fazer manifestação, pois o Uber faz o que quer. Se reclamamos, somos expulsos”, completou.