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Cerca de 28 comerciantes e oito advogados passaram a tarde de ontem reunidos na administração do Mercado Central, mas não chegaram a um acordo se vão recorrer ou não da decisão judicial. A reunião deve continuar segunda-feira e até quarta-feira de manhã eles esperam chegar a um acordo sobre a medida a ser tomada. Enquanto isso, comerciantes espalharam mesas pelo mercado e recolhem assinaturas para um abaixo-assinado a ser entregue ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), pedindo a permanência do “corredor dos animais”.
O juiz também determinou aos comerciantes que promovam a contagem e descrição de todas as espécies existentes em seus estabelecimentos, que o Município de Belo Horizonte acompanhe a execução da liminar concedida mediante monitoramento, a retirada e destinação adequada dos animais ali existentes e a imediata suspensão das autorizações de venda de animais vivos. A multa para quem não cumprir a ordem judicial é R$ 10 mil.
De acordo com o diretor-presidente do Mercado Central, José Agostinho Oliveira Quadros, o entendimento na reunião de ontem foi o que o Ministério Público não quer proibir a venda dos animais. “Entendemos que eles querem que a gente faça um acondicionamento dos animais melhor do que está hoje e também melhorar o conforto.
Segundo ele, a decisão judicial prejudicaria oito comerciantes. Outros, segundo ele, já deixaram de vender animais em 1996 e passaram a trabalhar com venda de ração, conforme foi protocolo em 1998 no Conselho de Medicina Veterinária. “Mesmo assim, esses comerciantes foram citados na ação do Ministério Público”, reclamou.
REVOLTA Entre os vendedores de animais, o clima é de revolta. Dejanir Antônio Ferreira Souza, de 60, conta que desde os 10 anos de idade já trabalhava com os irmãos vendendo animais no Mercado Central. Para ele, o prazo de 10 dias dado pela Justiça é muito curto para retirar os animais. “Até lá, eu posso continuar vendendo, mas não posso receber outros animais dos fornecedores.
Vitor Aparecido Barbosa, de 49, disse não ter local para levar seus animais quando o prazo vencer na próxima semana. Ele ameaçou entregar seus bichos para o Ministério Público cuidar. “Nosso serviço é legal.
Frequentadores do mercado têm opiniões diferentes sobre a decisão judicial. O engenheiro geólogo Paulo Amaral, de 74, disse que os animais sofrem aprisionados em gaiolas e que ele até evita passar pelo corredor dos bichos. “A decisão da Justiça é maravilhosa, os animais sofrem demais, são mal acomodados, maltratados demais. Sem falar que é uma fedentina. Pode contaminar até os alimentos que a gente compra no mercado”, opinou o engenheiro.
Já o aposentado Cláudio Antônio Lacerda, de 56, é a favor da venda dos animais e até assinou o abaixo-assinado. “A venda de animais aqui é muito antiga. Já é uma tradição.
Vendedor em uma loja de queijos, a poucos metros dos animais, Victor Gabriel Santos Geamonoud, de 21, defende o fim do comércio dos bichos. Segundo ele, foram instaladas “cortinas de vento” no corredor dos animais, mas que não acredita que isso impeça a contaminação dos seus produtos por bactérias transimitidas pelo ar. “As pessoas pegam nos bichos lá e depois pegam nos meus queijos aqui. A cortina de vento não consegue impedir nem o cheiro que vem do corredor dos animais”, reclamou..