As causas do desabamento do arrimo ainda serão avaliadas por um engenheiro que deverá ser contratado pelos moradores afetados. Mas, de acordo com avaliação prévia do engenheiro Eduardo Pedersoli, da Comdec, o mais provável é que tenha havido falha na drenagem do terreno, com consequente represamento de água da chuva no muro. “Com isso, a estrutura não suportou essa carga e cedeu”, disse. Segundo moradores, chovia forte há pelo menos meia hora no momento do acidente.
Segundo ele, ainda há risco de deslizamento de mais terra, embora em menor quantidade, tendo em vista que em parte do terreno a rocha já foi descoberta. Ele afirmou que os moradores do edifício afetado foram orientados a tomar algumas medidas emergenciais, até que a solução definitiva de reconstrução do muro seja adotada. A lista inclui emenda dos canos e caixas de drenagem e, caso seja necessário, cobertura do talude com lona. A orientação geral é para que todo o local seja monitorado e diante de qualquer alteração a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros seja acionado imediatamente.
O médico conta que estava em casa quando ouviu o barulho do rompimento do muro. “Fui até a janela e vi a terra descendo e entrando no apartamento térreo. Fui até a casa da vizinha e quando cheguei lá já estava tudo alagado”, contou. Ele disse ainda que avisou a moradores que participavam de uma festa infantil no salão sobre o acidente e também desligou o sistema dos elevadores. Dona do imóvel atingido, a artesã Elisabeth Lemguber, de 68 anos, detalhou o susto e o prejuízo. “Eu havia acabado de chegar em casa. Foi horrível. A lama invadiu a casa e está tudo destruído. Tapetes, móveis, adornos...Saímos de casa com algumas roupas e documentos. Vamos para a casa de parentes e não sabemos quando vamos voltar”, lamentou. O filho dela, o engenheiro José Augusto Lemguber, também criticou o trabalho da obra do prédio vizinho e disse que houve erro no projeto de drenagem do empreendimento. Os moradores informaram que vão acionar o condomínio do prédio vizinho. A reportagem do Estado de Minas tentou contato com o síndico desse edifício, mas o telefone celular estava desligado.
De acordo com o coordenador da Comdec, Alexandre Lucas, não há risco de colapso da estrutura do edifício atingido. Ele disse, no entanto, que o caso de ontem é um alerta para a tomada de cuidados por causa da chegada do período chuvoso. “Síndicos e moradores da cidade como um todo devem se atentar, nesta época do ano, para a manutenção dos sistemas de drenagem dos edifícios e residências, além de fazer a limpeza de calhas, para evitar acidentes”, afirmou, lembrando que o risco é ainda maior em áreas com terreno acidentado, a exemplo do Bairro Buritis. “Essa é uma parte da cidade com casos frequentes de deslizamentos de encostas”, alertou.
ALAGAMENTO Além do Buritis, choveu forte em vários pontos de Belo Horizonte no início da tarde de ontem. A chuva, que começou por volta das 13h, atingiu principalmente as regiões Noroeste, Centro-Sul, Oeste e Barreiro nos minutos iniciais, sendo que a primeira região foi a que teve maior concentração pluviométrica (36,8 milímetros). No Anel Rodoviário, altura do Shopping Del Rey, houve alagamento no sentido Vitória, o que comprometeu o tráfego no local. De acordo com o manobrista Gelson Pinheiro Souza Júnior, que passava pela rodovia na hora da chuva, a água chegou à altura dos pneus dos carros de passeio. “Passo constantemente por aqui e sempre há alagamento quando chove. Esse problema precisa ser resolvido”, disse.