Leia Mais
Repórter do EM cruza Minas de Norte a Sul em bicicleta e relata históriasConheça os moradores dos pontos mais distantes de MinasTribunal cassa decisão de juíza que impedia vaquejada em cidade do Norte de Minas Juíza cancela vaquejada e decisão causa protesto em cidade mineiraDefensores de animais convocam protesto contra rodeio e vaquejada em BHTrecho da Estrada Real está esquecido e degradado por motos e lixoConheça as três cidades que disputam o título de centro geográfico de MinasEm Minas, terra indígena dos Xacriabás vira limite para o asfaltoConheça a história de uma cidade planejada em pleno sertão de MinasSaiba quem é Antônio Montalvão, um desbravador do sertão mineiroBuscando “o lugar do Norte”, que se ressente por crer que nunca teve reconhecida sua importância histórica na formação do mineiro, o Movimento Catrumano nasce “de um incômodo cívico, psicológico e emocional”, e da necessidade de “construir um poder simbólico para o Norte de Minas”, como explica o antropólogo João Batista de Almeida Costa, professor da Universidade Estadual de Montes Claros e um dos integrantes da iniciativa. Ele aponta que na formação cultural predominante em Minas prevaleceu a ideologia do ouro e do poder, em detrimento da cultura dos sertões, do gado.
A sociedade pastoril, afirma, mesmo quando revelada na maestria de Guimarães Rosa, aparece como romance e não como história. “O Norte de Minas é fundamental na constituição de Minas Gerais. É a conjunção das duas sociedades, pastoril e mineradora, que dá forma à sociedade mineira”, diz o pesquisador.
Desde 2005, integrantes do Movimento Catrumano celebram, em 8 de dezembro, o Dia dos Gerais. A data foi oficializada em 2011, e nesse dia a cidade de Matias Cardoso, a primeira ocupação documentada no atual território mineiro, se torna a capital simbólica de Minas.
As duplas consistem em “puxador” e “esteira”, e têm como objetivo derrubar o boi, solto por uma pequena porteira em uma pista de cerca de 160 metros. Na faixa de pontuação demarcada com cal, o animal deve ser derrubado. A competição prossegue por eliminação, e não é raro que entre madrugada adentro.
Proprietária do Parque de Vaquejada Bom Sucesso, a advogada Roseni Nogueira lembra as dificuldades encontradas na atual ordenação jurídica, que entende haver maus-tratos contra os animais na prática. Ela defende que se trata de “um esporte meio radical, sertanejo”.
NOTAS DO PEDAL
Presença feminina
Inspirada e incentivada pelo avô, a vaqueira Brenda Stefany Nunes, de 17 anos, é presença feminina constante em vaquejadas do Norte de Minas, boa parte das vezes sendo a única mulher a correr. Acostumada ao apoio e aos aplausos do público feminino, na 24ª Vaquejada Nacional de Miravânia ela contava também com um fã-clube mirim, que vestido a caráter aguardava sua vez na pista.“Eu já andei no cavalo dela”, informava, orgulhosa, uma das três garotas de chapéu, botas, luvas e esporas cor-de-rosa. Morando em fazenda de Manga, a jovem vaqueira monta em velocidade e derruba boi pelo rabo desde cedo. Em competições, está desde os 14 anos. Afirma que ama o que faz e que só tem que agradecer, “cada fim de semana um lugar diferente, novas amizades, uma nova família”.
Artista de estrada
Nascido numa barraca de circo, filho de artistas em turnê pelo Rio de Janeiro, Milton Magalhães Lacerda foi registrado dias depois como mineiro, de passagem pela cidade de Rodeiro, Zona da Mata. Com 47 anos e tendo rodado as cinco regiões do Brasil, ele conta que começou aos 13 e nunca conseguiu ficar muito tempo fora das arenas. Um tapete com a inscrição “Lar, doce lar” dá as boas-vindas na escada do ônibus adaptado onde mora, com quarto, banheiro, cozinha, tevê e internet.
.