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'A chuva ajudou, mas a negligência foi maior', diz irmão de vítima atingida por muro em BHMuro desaba sobre casa e mata mulher no Bairro Santo AntônioDesabamento no Bairro Santo AntônioMoradores de três comunidades de BH em alerta para deixar suas casasEm 17 dias, BH supera volume de chuva que recebeu em novembro de 2015Chuva causa alagamentos em Juiz de ForaGrande BH terá mais pancadas de chuva nesta quinta-feiraEmbora a Defesa Civil não faça relação entre o colapso da estrutura e a forte chuva da noite de terça-feira, alerta para a importância de avaliação de trincas por profissional especializado, já que elas podem ser potencializadas pela chuva, a depender da localização. Ainda por causa da temporada chuvosa, a Defesa Civil mantém 108 pontos de monitoramento permanente com risco alto ou muito alto para desastres relacionados a enchentes e deslizamentos de encostas em BH.
Em pleno período chuvoso, o coronel chama atenção para o perigo das trincas localizadas em partes de sustentação, como vigas, ou aquelas que causam deformações de muros, desprendimentos de estruturas, deslocamento de materiais ou de parte da edificação. “Esses já são problemas graves, ainda mais potencializados pela chuva, já que a água aumenta as cargas e favorece o colapso das construções”, alerta. O balanço de ocorrências e vistorias da Defesa Civil indica ainda que em 43 casos avaliados pelo órgão desde outubro foi detectado risco de danificação ou destruição de habitações, registro que vem em segundo lugar, depois das trincas. Em outros 20 casos foi constatado risco de desabamento de muro de arrimo – no mês de setembro houve outros 10 ocorrências do tipo. Um dos casos em que o muro de arrimo cedeu ocorreu no último sábado, na Rua Iracy Manata, no Bairro Buritis.
OBRAS No caso do acidente de ontem, a Defesa Civil já havia dado o alerta para necessidade de intervenção no local onde o desabamento de um muro de 4,5 metros matou Ângela de Fátima Fernandes, de 63 anos, que morava com os pais em um terreno na Rua Abre Campo. O quarto em que ela dormia, em um barracão, ficou destruído. Apesar da chuva no momento do desastre, a Defesa Civil afirma que a precipitação não tem relação com o caso, já que existe um histórico de problemas na estrutura que desabou – um muro de divisa entre o terreno onde ficava o barracão e um prédio vizinho. Uma perícia vai esclarecer o que causou o desastre.
Irmão de Ângela, Euclides Macedo lembra que a síndica do edifício vizinho já tinha sido notificada pela Defesa Civil para resolver problemas de trincas na estrutura que ruiu. “Tinha uma infiltração no muro. Chamamos a Defesa Civil e a síndica duas vezes e falamos do problema.
Euclides conta que foi avisado pela mulher dele sobre o acidente. “Ela disse que meu pai tinha ligado informando que tinha caído o muro em cima do barracão. Eu vim de imediato, por volta das 7h10. E a porta não estava abrindo, consegui arrombar e, como vi muito entulho em cima dela, já tinha percebido que nós a tínhamos perdido”, lembra. Para o irmão de Ângela, ela dormia no momento do desabamento. “Deve ter acontecido por volta das 2h.
Raquel Fernandes, irmã de Euclides e Ângela, criticou o condomínio vizinho e também a Defesa Civil. “Deu vazamento aqui e ficou muito tempo para arrumar. Esguichava água lá o tempo todo e, com isso, o muro tombou”, disse. “Realmente a Defesa Civil veio, mas eles (os vizinhos) demoraram muito tempo para arrumar. Não foi uma coisa de imediato. E com isso foi só piorando. Vazava água na parte do fundo todo dia”.
Técnicos da Defesa Civil que estiveram no imóvel ontem para fazer uma vistoria afirmaram que tanto o condomínio vizinho quanto Ângela haviam sido alertados sobre necessidade de intervenções por problema no muro de divisa dos terrenos. Segundo o agente Nilson Luiz da Silva, Ângela foi orientada a contratar um profissional para avaliar a situação e eliminar perigos. Em agosto, A Defesa Civil classificou o caso como de risco “médio”.