Um protesto de estudantes contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/55, que limita os gastos públicos nos próximos 20 anos, terminou em tumulto entre manifestantes e a Polícia Militar (PM), entre a manhã e início da tarde desta sexta-feira. Os policiais militares usaram bombas de efeito moral e balas de borracha para que os alunos liberasseem a Avenida Antônio Carlos, em frente ao câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao menos uma pessoa foi ferida. Os jovens acusam a PM de uso excessivo da força. Já a corporação diz que o uso de instrumentos de menor potencial ofensivo foi para a liberação da via, além de reprimir o lançamento de paus e pedras por parte dos manifestantes.
O protesto teve início por volta das 9h na Estação Pampulha do Move. Os manifestantes seguiram pela Avenida Antônio Carlos até a barragem. Depois seguiram para a frente da UFMG, onde todas as pistas foram fechadas. Com faixas e cartazes, os estudantes protestaram contra a PEC 241/55, aprovado pela Câmara, e agora está sendo analisado pelo Senado. Um dos principais questionamentos é que, ao congelar os gastos públicos, o texto paralisa os valores repassados às áreas de saúde e educação, além do aplicado em políticas sociais.
Por volta das 11h40, depois que o trânsito da Avenida Antônio Carlos foi totalmente fechado em direção ao Centro de Belo Horizonte, policiais militares utilizaram a força para liberar a via, atirarando bombas de efeito moral. A ação foi filmada por algumas pessoas que passavam pelo local. Os manifestantes correram para o campus. Segundo a PM, lá dentro os policiais foram atingidos por pedras e paus. Por isso, tiveram que utilizar balas de borracha.
Segundo estudantes, a manifestação acontecia pacificamente quando começou o confronto. "Estávamos protestando na avenida e resolvemos entrar na UFMG. Foi quando a polícia começou a atirar bombas e balas de borracha nos estudantes", disse uma aluna que preferiu não ser identificada.
A PM tem versão diferente. Segundo o capitão Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da PMMG, os estudantes ''decidiram fechar todas as vias da avenida Antônio Carlos. A PM negociou por horas a liberação do tráfego. Nós recebemos ligações no 190 de várias pessoas querendo se deslocar para hospitais e para outros lugares da cidade. Era preciso liberar pelo menos parte da via, o que não foi aquiescido pelos estudantes''.
Segundo o capitão, a obstrução da avenida levou a PM a usar "instrumentos de menor potencial ofensivo. Em um primeiro momento, lançou três granadas de efeito moral para dispersão. Os estudantes correram para o câmpus, de onde começaram a arremessar pedras e paus contra viaturas e policiais, que tiveram que rechaçar essa reação com balas de borracha".
Finalmente, um grupo de manifestantes, entre eles alguns professores, segundo o capitão, aproximou-se dos policiais e, em nova negociação, decidiram se manter dentro do câmpus, sem prejuízo para o tráfego. O capitão fez questão de ressaltar que "a PM não é contrária a qualquer tipo de manifestação mas é preciso um mínimo de garantia do direito de locomoção" dos cidadãos.
Apoio
O Conselho Universitário manifestou apoio ao protesto contra a PEC 241/55. E se opôs a atos que provoquem violência ou danos ao patrimônio público. “Manifesta solidariedade com a motivação das manifestações pela defesa da educação pública e da saúde e de repúdio à PEC 241/55. O Conselho se opõe a qualquer violação de direitos e a atos, isolados ou não, que configurem violência física, ou moral, ou dano ao patrimônio público, venham esses atos de onde vierem”, disse em nota.
DCE
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) divulgou, em sua página do Facebook, um vídeo que mostra o momento em que a polícia atira balas de borracha dentro da universidade. A faixa de pedestres na entrada da UFMG, assim como as grades que a cercam, não foram ultrapassadas pela PM. Assista aos vídeos do tumulto: