A falta de informações sobre as circunstâncias da morte do lavrador mineiro Jefferson Eduardo de Oliveira, de 20 anos, durante travessia do México para os Estados Unidos, aumenta a angústia de familiares e amigos dele. “Tudo que eu queria agora é saber como que ele morreu e ter o corpo de volta. Espero que as autoridades brasileiras nos ajudem a ter essas respostas se ele se afogou ou foi assassinado e seu corpo jogado no rio”, disse o motorista Reginaldo Castro Oliveira, de 38, pai do jovem.
Jefferson embarcou para o México no começo do mês e, no último dia 12, seguiu para atravessar o Rio Bravo, saindo de Novo Loredo, do lado mexicano, para Loredo, no Texas, nos Estados Unidos. Do grupo de seis brasileiros, a maioria moradores de Sardoá, no Vale do Rio Doce, em Minas, quatro foram presos por agentes da imigração norte-americana e um está desaparecido. Já Jefferson, que morava no Distrito de Plautino, em Sobrália, na mesma região, sexto integrante do grupo, foi encontrado morto às margens do rio, na cidade mexicana, quatro dias depois da travessia.
No dia 16, quando um tio do jovem, que mora em Boston, nos EUA, tomou conhecimento de que o corpo havia sido encontrado, a família tem buscado maiores detalhes sobre as circunstâncias de sua morte. Quando ligaram para o telefone celular de Jefferson, um homem falando em espanhol atendeu e, em meio a risos, não deu qualquer informação sobre o jovem. Ele ainda tentou extorquir a família, pedindo que colocassem crédito na linha telefônica.
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Jovem mineiro morre no México em travessia para os Estados UnidosPai de mineiro encontrado morto no México viaja até sexta-feira para buscar o corpoTemporal deixa ao menos dois mortos e centenas de desalojados no Vale do Rio Doce“Uma mulher de Novo Laredo me ligou, na quarta-feira, depois de encontrar meu número de telefone na roupa do meu sobrinho. Pedi que ela enviasse fotos com detalhes, pois o rosto estava desfigurado.
Jefferson era casado há sete meses com Tayná Teixeira de Assis, de 19, a quem enviou mensagens antes da travessia fatal prometendo que três meses depois de se estabelecer nos EUA, daria um jeito para que ela fosse morar com ele naquele país. “Desde criança era o sonho dele e nada fazia mudar de ideia. Com a falta de oportunidades de trabalho no Brasil, fica impossível segurar esses jovens aqui. Não queria que ele fosse, mesmo por ter feito essa travessia há 20 anos e sabia que era arriscado. Mas ele, por conta dele, providenciou tudo e partiu nesse sonho sem volta”, contou Reginaldo, que não soube informar detalhes sobre como seu filho foi agenciado para a viagem e quanto pagou.
Em Sobrália, onde o pai trabalha como motorista na prefeitura, a morte de Jefferson causou grande comoção. Em páginas dos familiares em redes sociais são várias as manifestações de brasileiros que moram nos EUA e Canadá, bem como de pessoas de cidades do Vale do Rio Doce, que criticam a falta de oportunidades no Brasil, que tem levado jovens a se arriscarem no exterior.
Uma prima de Jefferson, que mora em Boston, iniciou uma campanha num site de doações (www.gofundme.com/jefferson-body-translation) e, em 24 horas, conseguiu levantar a meta de 10 mil dólares para o translado do corpo do México para o Brasil.
O Itamaraty informou que o Consulado do Brasil no México está empenhado, em contato com as autoridades locais, buscando apurar as circunstâncias do incidente. O Itamaraty também afirmou que está em contato com a família do lavrador e, como de praxe, não divulga detalhes sobre as ações que realiza no caso..