Domingo de sol, preservação ambiental e união de forças. Moradores de várias regiões de Belo Horizonte, defensores das áreas verdes da cidade, se reuniram na manhã de ontem em caminhada, plantio de árvore e abraço simbólico na Serra do Curral, símbolo da capital localizado na Região Centro-Sul. “É uma homenagem à natureza de BH e também um dia de conscientização. Queremos mostrar que a legalidade deve prevalecer, impedindo empreendimentos irregulares aqui”, afirmou o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, advogado Rodrigo Bedran.
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Justiça suspende instalação de hospital aos pés da Serra do CurralMoradores de BH fazem caminhada contra grandes eventos no Parque das MangabeirasCorte de árvores do Parque das Mangabeiras desperta reações em BHDia Mundial do Meio Ambiente em BH vai ter informação e cidadaniaGarças transformam em berçário fazenda na Região Central de Minas“Com força e fé, a serra fica em pé”, gritaram os manifestantes do portão do parque até a Praça do Papa, onde deram as mãos dadas e depois aplaudiram o maciço tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1960 e pelo município desde 1990. Uma das bandeiras do movimento é contra a instalação do Centro de Prevenção e Tratamento de Doenças Neoplásicas do grupo Oncomed, no prédio do antigo Hospital Hilton Rocha, na Avenida José do Patrocínio Pontes.
No mês passado, em caráter liminar, a 17ª Vara da Justiça Federal proibiu qualquer tipo de intervenção (alteração ou ampliação) no imóvel, que se encontra na encosta da Serra do Curral. A decisão judicial foi em ação civil pública do Ministério Públicos Federal (MPF) e de Minas Gerais (MPMG). “É preciso haver, cada vez mais, o fortalecimento do Ministério Público e a soberania do Poder Judiciário”, ressaltou Bedran, ressaltando sempre que “a legalidade deve prevalecer”.
UNIFICAÇÃO Acompanhado a caminhada, o presidente do Movimento das Associações de Moradores de BH, Fernando Santana, explicou que a bandeira não é contra a instalação de um equipamento para a saúde.
Os cartazes e faixas traziam desde o apoio ao Ministério Público como frases de cunho ecológico, entre elas “Verde é vida”, “A morte da árvore é nossa morte”, “O corredor ecológico da Serra do Curral está ameaçado”, “Parque Amílcar Vianna Martins – Esse parque é nosso” e “A floresta amazônica é o pulmão do Brasil e a área verde do Jardim América é nosso pulmão”. Para a presidente da Associação do Planalto e Adjacências, Magali Ferraz Trindade, o apoio à Serra do Curral mostra a unificação da luta pela preservação do verde em BH. “Estamos unidos, e os políticos deveriam fazer um curso para ter maior conhecimento de causa e sensibilização.” Ela acrescentou que é preciso pensar nas nascentes que estão nesses espaços e nos animais, enquanto admirava uma família, depois a criançada, plantando a muda de uma castanheira no sopé do maciço.
Morador do Bairro Mangabeiras, o engenheiro de metalurgia e geólogo Marcos José Soares destacou a importância da região para a cidade e seus moradores:“Trata-se de um parque, de um corredor ecológico. A cidade tem poucas áreas verdes e, se perder mais essa, ficará prejudicada. Aqui não é lugar de construir.” Exatamente pelas perdas e abertura de precedentes é que a presidente da organização não-governamental Arca-AmaSerra, Simone Bottrel, se mostra preocupada.