Dois estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram presos na manhã desta quinta-feira em Belo Horizonte, por desacato à autoridade policial, durante manifestação contra a PEC 241/55, que limita os gastos do Governo Federal, e contra o aumento anual do transporte coletivo de BH. Grêmios Estudantis e Ocupações também participaram do protesto que foi organizado pela Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande BH (Ames-BH). A PM disparou balas de borracha e granadas de efeito moral para controlar o tumulto e liberar o trânsito.
“Caio foi preso por se recusar a entregar sua câmera com a qual estava registando os abusos da PM contra os manifestantes. Marina foi presa ao registrar com seu celular a prisão do estudante”, disse o advogado do Ames-BH, Thales Viote.
De acordo com a Ames, o protesto foi marcado para as 8h, com concentração na Praça Sete, no Centro. Os estudantes caminharam até a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que fica na Avenida Afonso Pena, também no Centro, e que tudo transcorria normalmente até a intervenção da PM.
A presidente da Ames, Mariana Ferreira, contou que quatro estudantes foram apreendidos pelos militares. "Alguns estudantes ficaram feridos, inclusive menores. Os policiais não queriam informar para onde os alunos foram levados", disse Mariana.
A PM nega as acusações de agressão e diz que Marina estava com uma faca na bolsa e Caio portava um canivete. De acordo com o chefe da sala de imprensa da corporação, capitão Flávio Santiago, todo o episódio foi registrado em vídeo e as imagens mostram Marina se jogando no chão e escondendo o celular, que seria apreendido, dentro da blusa.
Segundo o capitão, a universitária desacatou os PMs e dificultou o trabalho deles. “Ela filmou o evento todo e o aparelho dela entra como peça para verificação pericial do evento”, disse o capitão. “O que ela fazia com uma faca, a gente não sabe”, completou.
A ocorrência do episódio e todo o material apreendido será encaminhado à Ouvidoria da Polícia, segundo o capitão. “Tudo começou, mais uma vez, com a interrupção total da via. Eles impediram o direito de ir e vir das outras pessoas. A PM deixa claro que não quer atrapalhar o movimento deles, mas apenas a liberação de parte da via para o trânsito. Mas, eles não liberam. A PM é parceira do processo democrático. Toda vez que houver uma manifestação dentro dos princípios constitucionais, ela se fará presente para garantir, inclusive, o direito da manifestação”, disse o capitão.
O estudante Caio disse que é ativista do grupo Jornalistas Livres e que fotograva o protesto quando começou o confronto. “A PM pediu para que os estudantes liberassem pelo menos uma faixa, o que foi aceito pelos manifestantes. Porém, no momento em que era feita a liberação, os policiais começaram a atirar balas de borracha e bombas”, afirmou Caio.
O estudante disse ter sido abordado por um PM, que exigiu o seu celular e a câmera. Caio conta que se negou a entregar os equipamentos e foi preso por desobediência. Ainda segundo ele, Marina filmava a prisão quando foi jogada no chão pelos PMs.
O capitão Santiago disse que os PMs negociaram ao extremo a intolerância dos manifestantes, que não liberaram a pista, e a estudante Marina partiu para cima de um PM e arrancou a tarjeta da farda dele, chegando a puxá-lo para cima dela, e que depois ela saiu correndo e outros cinco estudantes partiram para cima do mesmo PM.
“Foram feitos disparos com balas de borracha para o chão. Muito técnico. Os estudantes estavam muito próximos e as lesões poderiam ser graves. Também usaram granadas de feito moral”, disse o PM. Marina foi procurada pela reportagem e não quis se manifestar.