Laudos periciais confirmam que o torcedor cruzeirense Eros Dátilo Belisário, de 37 anos, morreu eletrocutado após se envolver em uma confusão no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, na Pampulha. A informação foi confirmada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira. O inquérito ainda não foi concluído, mas o delegado responsável pelo caso, Luiz Otávio Mattosinhos, da Delegacia de Homicídios Noroeste, já adianta que não haverá indiciamento.
O caso ocorreu na noite de 26 de outubro, quando o Cruzeiro enfrentava o Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil 2016. De acordo com o delegado, Eros e uma amiga tinham ingressos para o setor vermelho para assistir à partida, mas ele queria passar para o setor laranja, que tem ingresso mais barato, onde estava outro grupo de amigos.
As imagens das câmeras de segurança do estádio mostram o torcedor e a mulher passando pela catraca às 21h36. Algum tempo depois, ele se aproxima da grade que separava os dois setores e conversa com o segurança para tentar entrar no laranja. As imagens mostram o funcionário apontando para a câmera, informando que era proibido. Segundo o delegado, ele e a mulher sobem para a arquibancada, mas voltam. Eros chega a conversar com os amigos do outro setor, antes de voltar onde o segurança estava, e passa pela grade, invadindo o setor vermelho.
Depois disso, o segurança tentou imobilizar Eros, tentando segurá-lo pelo braço, mas ele consegue se desvencilhar. O homem ainda tenta aplicar duas rasteiras no torcedor, sem sucesso, e leva dois socos. No meio da briga, os dois bateram contra uma porta, que não resistiu ao peso. “Então ele coloca ele na parede, objetivando imobilizá-lo. Perto dessa parede existia uma porta. Um peso aí de cerca de 200 quilos sobre essa porta. A porta se abriu, ela estava trancada”, explica o delegado
Na época do caso, um amigo do torcedor chegou a dizer que ele foi agredido com uma gravata por trás, mas a polícia afirma que o tepo todo eles estavam de frente um para o outro. “O Eros a todo momento estava de costas para a parede, e o segurança de frente para o Eros. Eles viram dentro da sala, o Eros de costas para a parede, o segurança segurando por baixo das axilas do Eros”.
As câmeras não mostram o que ocorreu dentro da sala, já que o espaço, usado como depósito, não era monitorado por câmeras. Foi dentro do cômodo que ocorreu a eletrocussão. “Nesse momento da entrada, existia uma lanterna carregando em um benjamim. Essa parte superior do benjamim, junto com a lanterna, cai no chão. Os dois contatos ficam expostos e estavam ligados em uma voltagem de 220. Eros toma um choque”. Em seu depoimento, o segurança disse que o rapaz mostrou sinais de ter ficado sem ar e perdeu os sentidos.
Sem mudar de posição, o segurança tira Eros da sala, segurando o rapaz por baixo das axilas. A saída é flagrada pelas câmeras. As imagens mostram a chegada de um segundo segurança, que não chega a auxilar o colega. O cruzeirense é colocado no chão. Amigos de Eros chegam e tentam socorrê-lo. Uma equipe de resgate chega em uma ambulância e faz manobras de massagem cardíaca. Ele foi levado para o ambulatório do estádio, onde foi entubado, e levado para o Hospital Odilon Behrens.
INVESTIGAÇÃO Durante as investigações, a equipe da Delegacia de Homicídios Noroeste analisou, além dos vídeos, 10 laudos - seis do instituto de criminalistica e quatro do Instituto Médico Legal (IML) - e depoimentos de 11 testemunhas: seguranças, a esposa da vítima, a médica e enfermeiras que prestaram os primeiros atendimentos, torcedores amigos da vítima e o funcionário Minas Arena responsável pela sala.
Segundo o delegado, o laudo mostra que a causa da morte de Eros foi eletroplessão (choque elétrico). Além disso, ele apresentava um ferimento do lado esquerdo das costas que condiz com a parte da tomada com a qual ele teve contato. A polícia também recolheu amostras de pele que ficaram na parte elétrica, que são de Eros, conforme mostrou um exame de DNA. Outro exame revelou também que Eros tinha 7,1 decigramas de álcool por litro de sangue. “Um teor elevado de álcool”, segundo o delegado.
No dia seguinte à morte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que a vítima deu entrada no Hospital Metropolitano Odilon Behrens às 23h07, encaminhada por uma ambulância privada que atende no Mineirão. A Secretaria informou que Eros chegou ao hospital já sem vida, com múltiplos traumas. No entanto, o delegado Luiz Otávio Mattosinhos diz que a informação não condiz com a apuração da polícia, que mostrou o ferimento nas costas e fraturas específicas. “Havia uma fratura do osso externo e dos arcos costais distais em razão das manobras de RCP, manobras cardíacas que foram exaustivamente realizadas. Os elementos que nós temos no inquérito policial não chegam a essa conclusão (de multiplos traumas) não”.
Por fim, o delegado avalia que a abordagem do segurança foi correta, e que também não houve culpa da empresa responsável pelo estádio. “A voltagem é permitida, a porta estava trancada. Era um local destinado à guarda de materiais usados para manutenção da Minas Arena. Estava tudo perfeito”, diz. Questionado sobre o fato de uma porta trancada ter cedido, policial afirma que foi uma soma de fatores. “Naquele confronto, um peso de cerca de 200 quilos sobre essa porta, mais a força exercida por eles, acabou arrombando a porta”.
“Não há elementos para o indiciamento”, diz Mattosinhos. “Para que haja o crime, é necessário haver uma conduta, para que o fato seja típico. Como ocorreu um caso fortuito, isso exclui a culpa. Se a culpa é um dos elementos da conduta, e se não há conduta, o fato não é típico. Logo, não há crime”, explica. A morte do cruzeirense é classificada pelo nome técnico de caso fortuito. “Acontecimentos imprevistos, imprevisíveis, inevitáveis, que fogem do controle e da vontade humana”, explica o delegado.
Para concluir a investigação, ainda faltam dois laudos, um referente à reconstituição do caso e outro de vistoria estrutural do imóvel, mostrando a estrura do quarto, com a instalação elétrica. O delegado também vai ouvir mais pessoas, mas não disse quem são para não prejudicar os trabalhos.
O caso ocorreu na noite de 26 de outubro, quando o Cruzeiro enfrentava o Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil 2016. De acordo com o delegado, Eros e uma amiga tinham ingressos para o setor vermelho para assistir à partida, mas ele queria passar para o setor laranja, que tem ingresso mais barato, onde estava outro grupo de amigos.
As imagens das câmeras de segurança do estádio mostram o torcedor e a mulher passando pela catraca às 21h36. Algum tempo depois, ele se aproxima da grade que separava os dois setores e conversa com o segurança para tentar entrar no laranja. As imagens mostram o funcionário apontando para a câmera, informando que era proibido. Segundo o delegado, ele e a mulher sobem para a arquibancada, mas voltam. Eros chega a conversar com os amigos do outro setor, antes de voltar onde o segurança estava, e passa pela grade, invadindo o setor vermelho.
Depois disso, o segurança tentou imobilizar Eros, tentando segurá-lo pelo braço, mas ele consegue se desvencilhar. O homem ainda tenta aplicar duas rasteiras no torcedor, sem sucesso, e leva dois socos. No meio da briga, os dois bateram contra uma porta, que não resistiu ao peso. “Então ele coloca ele na parede, objetivando imobilizá-lo. Perto dessa parede existia uma porta. Um peso aí de cerca de 200 quilos sobre essa porta. A porta se abriu, ela estava trancada”, explica o delegado
Na época do caso, um amigo do torcedor chegou a dizer que ele foi agredido com uma gravata por trás, mas a polícia afirma que o tepo todo eles estavam de frente um para o outro. “O Eros a todo momento estava de costas para a parede, e o segurança de frente para o Eros. Eles viram dentro da sala, o Eros de costas para a parede, o segurança segurando por baixo das axilas do Eros”.
As câmeras não mostram o que ocorreu dentro da sala, já que o espaço, usado como depósito, não era monitorado por câmeras. Foi dentro do cômodo que ocorreu a eletrocussão. “Nesse momento da entrada, existia uma lanterna carregando em um benjamim. Essa parte superior do benjamim, junto com a lanterna, cai no chão. Os dois contatos ficam expostos e estavam ligados em uma voltagem de 220. Eros toma um choque”. Em seu depoimento, o segurança disse que o rapaz mostrou sinais de ter ficado sem ar e perdeu os sentidos.
Sem mudar de posição, o segurança tira Eros da sala, segurando o rapaz por baixo das axilas. A saída é flagrada pelas câmeras. As imagens mostram a chegada de um segundo segurança, que não chega a auxilar o colega. O cruzeirense é colocado no chão. Amigos de Eros chegam e tentam socorrê-lo. Uma equipe de resgate chega em uma ambulância e faz manobras de massagem cardíaca. Ele foi levado para o ambulatório do estádio, onde foi entubado, e levado para o Hospital Odilon Behrens.
INVESTIGAÇÃO Durante as investigações, a equipe da Delegacia de Homicídios Noroeste analisou, além dos vídeos, 10 laudos - seis do instituto de criminalistica e quatro do Instituto Médico Legal (IML) - e depoimentos de 11 testemunhas: seguranças, a esposa da vítima, a médica e enfermeiras que prestaram os primeiros atendimentos, torcedores amigos da vítima e o funcionário Minas Arena responsável pela sala.
Segundo o delegado, o laudo mostra que a causa da morte de Eros foi eletroplessão (choque elétrico). Além disso, ele apresentava um ferimento do lado esquerdo das costas que condiz com a parte da tomada com a qual ele teve contato. A polícia também recolheu amostras de pele que ficaram na parte elétrica, que são de Eros, conforme mostrou um exame de DNA. Outro exame revelou também que Eros tinha 7,1 decigramas de álcool por litro de sangue. “Um teor elevado de álcool”, segundo o delegado.
No dia seguinte à morte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que a vítima deu entrada no Hospital Metropolitano Odilon Behrens às 23h07, encaminhada por uma ambulância privada que atende no Mineirão. A Secretaria informou que Eros chegou ao hospital já sem vida, com múltiplos traumas. No entanto, o delegado Luiz Otávio Mattosinhos diz que a informação não condiz com a apuração da polícia, que mostrou o ferimento nas costas e fraturas específicas. “Havia uma fratura do osso externo e dos arcos costais distais em razão das manobras de RCP, manobras cardíacas que foram exaustivamente realizadas. Os elementos que nós temos no inquérito policial não chegam a essa conclusão (de multiplos traumas) não”.
Por fim, o delegado avalia que a abordagem do segurança foi correta, e que também não houve culpa da empresa responsável pelo estádio. “A voltagem é permitida, a porta estava trancada. Era um local destinado à guarda de materiais usados para manutenção da Minas Arena. Estava tudo perfeito”, diz. Questionado sobre o fato de uma porta trancada ter cedido, policial afirma que foi uma soma de fatores. “Naquele confronto, um peso de cerca de 200 quilos sobre essa porta, mais a força exercida por eles, acabou arrombando a porta”.
“Não há elementos para o indiciamento”, diz Mattosinhos. “Para que haja o crime, é necessário haver uma conduta, para que o fato seja típico. Como ocorreu um caso fortuito, isso exclui a culpa. Se a culpa é um dos elementos da conduta, e se não há conduta, o fato não é típico. Logo, não há crime”, explica. A morte do cruzeirense é classificada pelo nome técnico de caso fortuito. “Acontecimentos imprevistos, imprevisíveis, inevitáveis, que fogem do controle e da vontade humana”, explica o delegado.
Para concluir a investigação, ainda faltam dois laudos, um referente à reconstituição do caso e outro de vistoria estrutural do imóvel, mostrando a estrura do quarto, com a instalação elétrica. O delegado também vai ouvir mais pessoas, mas não disse quem são para não prejudicar os trabalhos.