A Superintendência de Limpeza Urbana de Urbana (SLU) de Belo Horizonte tem pela frente um impasse a resolver para manter o serviço de coleta na capital. Depois de ser notificada ontem pela Superintendência Regional do Trabalho (STR) para que altere a forma de transporte dos garis nos cerca de 200 caminhões de lixo da cidade, o setor jurídico do órgão ainda analisa o documento, que já é dado como de complexa aplicação.
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Auditores proíbem transporte de garis pendurados em caminhões de lixo em BH Garis caem de caminhão de lixo após eixo se soltar no CaiçaraGaris recolhem mais de 50 toneladas de lixo eleitoral em Belo HorizonteQuantidade de lixo no Centro de Belo Horizonte cresce 65% em 11 anosPontos de Belo Horizonte amanhecem sem coleta de lixo Catadores de materiais recicláveis se manifestam na Praça da Estação em BHPrefeitura vai à Justiça contra interdição da coleta de lixo em BHBelo Horizonte amanhece sem coleta de lixo nas ruasAlém de considerada de difícil cumprimento, a medida não tem consenso nem entre os próprios beneficiados. Sem informações sobre a decisão, garis que pegavam serviço ontem no ponto de apoio da área central, na Avenida dos Andradas, criticaram a determinação: “Não dá para fazer a coleta com dois. Tem que ser quatro e, na cabine, só cabem dois. Isso só vai piorar”, reclamou um funcionário, que preferiu não ser identificado.
O motorista L., há cinco anos no serviço de coleta, mesmo sem detalhes sobre a decisão também foi crítico.
A medida é resultado de uma ação fiscal que teve início em outubro, depois que os auditores constaram risco grave de acidentes de trabalho com o transporte feito no estribo. Entre os perigos apontador estão quedas e atropelamentos. Desde outubro, a fiscalização já resultou na emissão de 100 autos de infração por descumprimentos da legislação trabalhista e de segurança e saúde dos trabalhadores. Entre 12 e 16 deles foram emitidos ontem. Mas nenhum resultou em multa, uma vez que as empresas podem recorrer.
No geral, estão problemas relacionados à não realização de exames médicos, horas extras além do limite legal, trabalho em domingos e feriados sem autorização, entre outras.
“A partir de hoje (ontem), a forma de transporte no estribo está proibida e é uma interdição sem prazo determinado. A empresa tem agora 10 dias para protocolar no Ministério do Trabalho um recibo com a assinatura de todos os coletores e motoristas, informando que eles têm ciência da interdição”, explica a auditora fiscal do Trabalho Carolina Mayr. Ela afirma que durante os dois meses de trabalho os auditores foram até sedes e garagens das empresas, nos pontos de apoio, e observaram a ação dos coletores de lixo nas ruas. Também houve entrevistas e análise de documentos.
Apesar da recomendação para a mudança, a SRT não previa ação fiscal para a noite de ontem e os garis saíram para trabalhar normalmente nos caminhões da SLU. “Essa é uma cena que pode ser flagrada em qualquer lugar e a partir de um descumprimento podemos autuar novamente e encaminhar a denúncia para os órgãos competentes, para que as empresas respondam civil e criminalmente”, disse a auditora.
Sobre a viabilidade da operação do serviço com o gari sendo conduzido nas cabines dos caminhões, ela afirma: “Nosso trabalho é zelar pela integridade física do trabalhador. A condição de transporte no estribo é um risco grave e iminente de acidente. A forma como as empresas vão se adaptar à nossa recomendação fica a critério de cada uma, desde que o que foi determinado seja seguido”, afirmou Carolina.
SEM AUTORIZAÇÃO A SRT ainda destaca que o Código de Trânsito Brasileiro tipifica como infração de trânsito grave “conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados”, conforme o Artigo 235.
Segundo a SLU, há em BH 650 garis terceirizados e 10 efetivos trabalhando na coleta. Responsável por representar esse segundo grupo, o Sindibel informou que já havia denunciado ao Ministério Público, desde 2013, várias das irregularidades agora detectadas pelo Ministério do Trabalho, a exemplo da falta de segurança nos locais de trabalho e precarização dos serviços prestados pela SLU. O Sindeac, que representa a categoria terceirizada, informou por meio de sua assessoria de imprensa que toda medida que visa à segurança é sempre bem-vinda e que o sindicato acompanha e ajuda a implementação. Nesse caso, informou, será preciso fazer uma avaliação para saber como se adaptar a essa nova dinâmica..